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Que não nos falhem as forças, as respostas e a esperança

Não podemos aceitar a demissão de responsabilidades e a incompetência que prolifera nalgumas câmaras municipais

A vários níveis e em função de circunstâncias atípicas e distintas entre si, temos sido postos à prova, com grande evidência, neste último ano.

Desde uma pandemia que veio alterar, por completo, a nossa forma de estar e de agir em comunidade – e que colocou em causa a estabilidade social e económica em crescendo que era motivo de orgulho – passando por intempéries, primeiro e no final de 2020, na zona norte da Madeira e, no passado fim-de-semana, com particular incidência no Funchal, têm sido enormes os desafios por enfrentar. As consequências diretamente sentidas, na pele, por um povo que, ainda assim, nunca desiste.

Nunca, em momento algum, nos faltou a certeza, a clarividência e a esperança. A força. Diria mesmo a capacidade de superação e resiliência que tão bem caracteriza cada Madeirense.

Resistimos porque preparados.

Porque acreditamos.

Porque estamos habituados a superar adversidades há mais de quarenta anos. Adversidades essas que seriam bem mais fáceis de ultrapassar caso pudéssemos contar com a solidariedade e o respeito institucional de quem governa o País, com a colaboração e sentido de missão dos outros partidos que localmente governam ou, mesmo, com o bom senso de quem, nesta terra, se vangloria de ser oposição limitando-se a ser do contra e a destruir, quando podia ser construtiva.

Tudo seria bem mais fácil, mas não é.

É fundamental que nunca, muito menos agora, nos falhem as forças, as respostas e a esperança no futuro.

Continuamos a resistir a esta maldita pandemia porque, ao contrário do que muitos apregoavam, afinal a nossa saúde até estava de boa saúde. Porque afinal os nossos profissionais eram excelentes, diria mesmo exemplares profissionais. Porque ao fim e ao cabo houve quem tivesse tido capacidade de comando e planeamento e quem não tivesse medo de decidir, mesmo pelo mais difícil e contra as críticas destrutivas desde a primeira hora presentes, em nome do bem comum, do bem de todos.

Resistimos porque a nossa população soube e continua a confiar. Partilha das nossas preocupações. Sabe, perfeitamente, que não lhes falhamos, muito menos na hora em que mais precisam.

Também na tempestade resistimos, estando presentes desde a primeira hora e confirmando que, afinal, os investimentos tão criticados na praça pública relativos à proteção e segurança das nossas populações, nomeadamente na consolidação de escarpas e nas ribeiras, valeram a pena e são para continuar.

Resistimos porque confiamos na nossa força, mas, também, na força, no bom senso e na responsabilidade daqueles que têm a obrigação e o dever de encontrar soluções na governação e que o fazem.

Porque, insisto, não podemos falhar.

Nunca foi tão imperativo cumprir, quando a nossa população mais precisa, fragilizada que está por um conjunto de circunstâncias atípicas e demasiado graves para serem encaradas de ânimo leve ou com a leviandade que muitas vezes algumas personagens ostentam, como se vivessem numa realidade paralela que não lhes toca.

Não, não podemos falhar. Não podemos aceitar a demissão de responsabilidades e a incompetência que prolifera nalgumas câmaras municipais que vivem à luz dos seus supostos “feitos”, que repetidamente publicitam e enaltecem, fechando os olhos aos reais problemas que afetam as nossas famílias e empresas.

Não, não podemos aceitar que um ano depois - repito, exatamente um ano depois – cheguem, no Funchal, os apoios que deviam ter chegado logo de imediato aos nossos empresários, ainda antes destes serem obrigados a fechar portas aos seus negócios e a despedir os seus trabalhadores, colocando em causa centenas de famílias.

Não, não podemos aceitar que as tempestades deixem a nu a incúria daqueles que, quando está bom tempo, se esquecem de garantir as intervenções necessárias em cada localidade de modo a evitar desfechos mais dramáticos, limitando-se a remediar em vez de prevenir.

Assim como também não podemos aceitar as falhas tremendas que agora se corrigem à pressa, os dinheiros públicos que são gastos de forma questionável e naquilo que é acessório e pouco essencial, à luz dos interesses partidários e em função do calendário eleitoral, cientes de que cada um dos nossos concelhos merece bem mais e melhor.

Não, não podemos falhar na definição de prioridades nem tampouco calar quando vemos que quem devia estar ao nosso lado na defesa intransigente da Madeira junto de Portugal e da Europa, se resigna a abanar a cabeça e a culpar terceiros por aquilo que nunca foram capazes de cumprir, por falta de capacidade, de competência ou mesmo por razão nenhuma.

A bem dizer, o desenvolvimento que defendemos, em que acreditamos e que soubemos empreender esfumou-se, localmente, nas mãos daqueles que prometeram mundos e fundos para chegar ao poder, esquecendo-se, depois, dos compromissos que tinham de saber honrar.

Forças e esperança não nos faltam nem falham para continuarmos a fazer desta nossa Madeira uma terra melhor para todos. É nisso que estamos focados, sabendo garantir, no dia-a-dia, as respostas que não podem ser adiadas ao sabor de quem as dá e apenas lembradas em altura de Eleições.

O Povo Madeirense sabe bem que nós não falhamos. Esta é, também, uma vitória da Autonomia que construímos, o facto das nossas gentes saberem daquilo que somos capazes e o quanto ajudamos, a cada momento, a que também sejam capazes.

E é também isso que faz com que, acima de tudo e mais do que o presente, sejamos o futuro!