Dia do Estudante- Reflexão sobre Escola, os Estudantes e o Privado
Desde 1987 que se celebra em Portugal o dia do Estudante. Este deve ser um dia para refletirmos o futuro da Educação.
Em qualquer país desenvolvido a Educação assume um papel preponderante na definição das prioridades nacionais. Além disso, a democratização do acesso ao Ensino é um pilar dos Estados de Direito.
Nesse sentido acreditamos que o trabalho de descentralização do Ensino realizado ao longo de mais de quatro décadas de Autonomia, com uma escola básica em cada freguesia e uma escola secundária em cada concelho, concretiza um legado de igualdade de oportunidades que deve nortear as sociedades de bem-estar e qualidade de vida.
A Escola deve ser um espaço desenhado para o aluno e para a potenciação da sua aprendizagem. Deve, por isso, considerar tudo aquilo que faça dele um indivíduo mais preparado para as etapas que encontrará ao longo da vida seja no domínio pessoal, profissional, social e económico.
Aqui chegados, cumpre referir que a Escola deve ser um sítio plural, de participação associativa, em que os Estudantes contactam com as diferentes realidades e formam, livremente, o seu pensamento. A Escola deve ser o compromisso entre o livre desenvolvimento da personalidade e a autodeterminação de cada jovem. A escola dá as ferramentas, o aluno constrói o seu caminho.
Defendendo o papel da escola no quadro da formação dos jovens e, a título pessoal, adepto da escola pública acreditamos que os privados poderão ter uma participação importante no processo de formação das novas gerações.
Não só porque, no passado, muitos privados levaram escola a quem não a tinha e a quem o Estado não podia dar, mas sobretudo porque num mundo globalizado e pós-pandemia acelerará os processos de digitalização da Economia. Verificando-se alterações significativas na estrutura e funcionamento do mercado, a escola terá de preparar os alunos para uma nova realidade.
Preparar o futuro implica o investimento nestas áreas. As recomendações europeias referem que os Estados devem gastar entre 15% a 20% dos seus orçamentos na Educação. Portugal gasta 13,7% e a Madeira gasta cerca de 20,7% dos respetivos orçamentos.
Apesar deste bom indicador, importa referir que o investimento deve traduzir-se no investimento em políticas de modernização do setor. É necessário que se assegure, democraticamente, o acesso a novas aprendizagens. E isso implica uma estratégia nacional sobre o tema dado que a definição dos conteúdos curriculares é uma responsabilidade nacional. E quem melhor para cooperar com o decisor público do que aqueles que trabalharão com o resultado da formação das nossas escolas nas suas empresas?
Quanto à modernização a Madeira tem preparado o futuro. Seja com a remodelação dos laboratórios informáticos, as melhorias das condições de acesso à internet no Parque Escolar edificado, a aquisição e distribuição de novos computadores aos alunos para o ensino à distância, os projetos dos manuais escolares digitais e a cedência dos tablets são apostas claras nessa preparação do futuro.
A evolução da educação, nos próximos 10 anos, marcará, ainda mais, a estrutura de sociedade que iremos a ter na segunda metade deste século na Região. A cegueira ideológica de afastar os privados do sistema de ensino será um erro demasiado caro para as novas gerações. Estudos apontam que cada estudante que entre hoje no 1º ciclo viverá num mundo em que 2/3 dos empregos não estão criados. Em que mundo quer que o seu filho viva?