25 de Abril (II)
Ainda contemplávamos o brilho dos cravos vermelhos, quais perfumes da epopeia da Revolução de Abril, e já pairava intranquilidade junto dos seus mais proeminentes intervenientes.
Razão por que a Junta de Salvação Nacional, presidida pelo General Spínola, mandou reunir na Manutenção Militar do Rato, em Lisboa, os diferentes quartéis de norte a sul do pais. Se bem não fosse o seu comandante, fui um dos representantes do 2.º Grupo da Admnistração Militar, sediado no Lumiar.
Na minha intervenção, partilhei um desejo, ao tempo, muito sensível entre uma das mais numerosas classes da hierarquia das Forças Armadas portuguesas, que consistia em acabar com o posto de Cabo Miliciano que, como então realcei, era uma das muitas insígnias do fascismo e que, ao que se dizia, a própria NATO desaconselhava.
A oratória mereceria grande aprovação da distinta assembleia e, coincidência ou não, passados alguns dias, para gáudio de muitos cumpridores do serviço militar obrigatório, os jornais da época destacavam com títulos garrafais: «Cabos Milicianos promovidos e aumentados».
Carlos de Aguiar