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Estudo identifica mutações em variantes que circulam no Brasil

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Um estudo elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), maior centro de investigação científica do Brasil, identificou mutações das variantes do novo coronavírus que estão em circulação no país sul-americano.

De acordo com o estudo, publicado na segunda-feira na revista especializada Medrxiv, essas novas versões do vírus podem ser capazes de escapar parcialmente à imunidade adquirida por indivíduos.

"Identificamos que linhagens SARS-CoV-2 circulando no Brasil com mutações preocupantes (...). Esses achados apoiam que a contínua transmissão generalizada do SARS-CoV-2 no Brasil está gerando novas linhagens virais que podem ser mais resistentes à neutralização do que as variantes parentais de preocupação", como são conhecidas as estirpes detetadas no Brasil (P.1), no Reino Unido (B.1.1.7) e na África do Sul (B.1.351), disse o estudo.

O estudo, assinado por 31 investigadores, partiu de um levantamento genómico que identificou "mutações preocupantes" em 11 sequências do vírus em cinco estados: Amazonas, Baía, Maranhão, Paraná e Rondônia.

"Uma hipótese é que essa grande mudança de pressão de seleção no genoma do vírus é impulsionada pelo aumento da imunidade da população humana adquirida em todo o mundo a partir da infeção natural por SARS-CoV-2. Nossos resultados sugerem que o SARS-CoV-2 está continuamente se adaptando", avaliaram os especialistas.

O estudo científico concluiu que o SARS-Cov-2 pode estar "evoluindo para a geração de novas variantes" que seriam mais transmissíveis e, portanto, mais perigosas do que as anteriores.

"Podemos estar perante um processo natural de evolução e adaptação (do vírus) ao cenário de aumento do número de pessoas com anticorpos", indicou o documento.

A publicação vai passar agora por um processo de certificação e validação dos pares, ou seja, pela análise de outros investigadores da área para confirmação de métodos e resultados.

Investigadores brasileiros já tinham identificado uma nova mutação do SARS-CoV-2 que circula em diferentes regiões do país há semanas e que, assim como a estirpe P.1 variante detetada no Amazonas, também é mais contagiosa.

Os investigadores concluíram que a nova variante circula no Brasil, pelo menos, desde agosto do ano passado e que já se propagou por quatro das cinco regiões do país.

Essa estirpe tem uma linhagem diferente da P.1, que tem causado preocupação mundial, e à qual tem sido atribuído o agravamento da pandemia no Brasil e que tem levado vários países a suspenderem voos provenientes de território brasileiro.

O Brasil, que atravessa agora o momento mais crítico da pandemia, é o segundo país do mundo mais afetado pela covid-19, com 12 milhões de casos e 295.425 mortes, apenas atrás dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.716.035 mortos no mundo, resultantes de mais de 123 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.784 pessoas dos 817.778 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.