Estados Unidos e México procuram solução para problemas de fronteiras
Os principais conselheiros do Governo dos EUA sobre fronteiras vão reunir esta terça-feira com as autoridades mexicanas, para discutir problemas de migração e do desenvolvimento da América Central, anunciou hoje o Governo do México.
Perante o agravamento do problema da migração na fronteira entre os EUA e o México, o Presidente norte-americano, Joe Biden, inicia uma semana em que terá de tomar várias decisões relevantes para encontrar uma solução política para o fluxo de milhares de migrantes.
A oposição republicana dentro e fora do Congresso dos EUA acusa o novo Presidente de não ter uma estratégia sólida para lidar com os imigrantes ilegais.
"O problema está a complicar-se. E não é nada comparado com o que ainda está para vir", disse hoje o ex-Presidente Donald Trump, numa entrevista televisiva.
"Eles vão chegar aos milhões", previu Trump, que junta a sua voz à de congressistas republicanos que têm desafiado Biden a apresentar um plano para lidar com o problema da imigração.
Para já, Biden enviou uma missão dos seus principais conselheiros numa viagem à Cidade do México, para se encontrarem com as autoridades mexicanas, incluindo com Roberto Velasco, diretor para os assuntos norte-americanos.
A delegação dos Estados Unidos inclui Roberta Jacobson, a principal conselheira da Casa Branca para questões de fronteiras, e Juan González, diretor sénior do Conselho de Segurança Nacional para o hemisfério ocidental.
Roberto Velasco disse que as conversas incidirão em propostas para os dois países acordarem em "esforços conjuntos para migração segura e regulamentada", bem como para desenharem um plano para o "desenvolvimento económico do sul do México e da América Central, para que as pessoas não vivam sob a pressão de terem de emigrar".
Nas últimas semanas, as autoridades de fronteira dos EUA registaram picos de tentativas de entrada pelo lado mexicano, com 18.945 adultos e 9.297 crianças desacompanhadas encontradas apenas no mês de fevereiro, o que representa um aumento de 168% em relação ao mês anterior, no que diz respeito aos adultos e 63% em relação às crianças.
Desde outubro, são já mais de 29.000 os menores desacompanhados que foram acolhidos pelas autoridades norte-americanas, que já denunciaram a dificuldade em resolver a situação destes jovens.
Na passada semana, o México anunciou restrições nas viagens não essenciais nas fronteiras do sul, com a Guatemala e Belize, alegando razões sanitárias ligadas à pandemia de covid-19, tendo enviado centenas de agentes de imigração e da Guarda Nacional para essas zonas.
No mesmo dia deste anúncio, a Casa Branca fez saber que enviaria 2,5 milhões de vacinas contra a covid-19 da AstraZeneca para ajudar o México a lidar com a pandemia.
O Governo mexicano já disse estar disponível para cooperar com os Estados Unidos nos esforços para conter o fluxo de migrantes, mas avisou que o problema apenas pode ser resolvido se atacado na sua origem, nomeadamente nos problemas de pobreza e desemprego.
Joe Biden também prometeu uma solução para o que chamou de "vergonha moral e nacional" herdada do seu antecessor, com a separação de milhares de famílias de migrantes.
O Secretário de Segurança Interna dos EUA, Alejandro Mayorkas, negou que haja neste momento 5.200 crianças detidas em centros para adultos, na fronteira com o México, por falta de condições para outro género de acolhimento, mas reconheceu que as autoridades estão a sentir dificuldades em lidar com a pressão do aumento de pedidos de entrada nos EUA.