Hélice do hidroavião que amarou há 100 anos no Funchal em exposição
Miguel Silva Gouveia destacou a importância de assinalar o marco histórico da primeira travessia aérea entre Lisboa e Madeira, ocorrida a 22 de Março de 2021
A hélice do hidroavião que Sacadura Cabral e Gago Coutinho pilotaram, há 100 anos, naquela que foi a primeira 'ponte' aérea entre o continente português e o arquipélago, está exposta no hall da Câmara Municipal do Funchal (CMF) até dia 22 de Abril.
Cedida à autarquia pelo Museu do Ar, esta componente junta-se a muitas outras que foram 'emprestadas' e se encontram patentes nesta mesma mostra. Falamos, a título de exemplo, do casaco, luvas e óculos de voo, o sextante de horizonte artificial, uma maquete da aeronave e toda uma componente histórica alicerçada em documentos e fotos que poderá vislumbrar ao longo de um mês.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da CMF, Miguel Silva Gouveia, destacou a coragem e tenacidade da tripulação responsável pela primeira travessia aérea entre Lisboa e Funchal, então constituída por Sacadura Cabral, Gago Coutinho, Ortins Bettencourt e Roger Soubrian.
Mais do que uma aventura ou um episódio histórico, esta viagem representou para os madeirenses um importante contributo nas nossas relações com o resto do mundo e uma rota para inúmeras oportunidades de desenvolvimento que haviam de se suceder. É com orgulho e gratidão que o Funchal assinala este centenário de uma forma participada e pedagógica, preservando a memória deste legado. Miguel Silva Gouveia
Inserido neste programa está ainda um 'Webinar', a decorrer na página oficial de Facebook da CMF, com oradores que vão ajudar a compreender a importância deste feito. Falamos do capitão da Força Aérea, Luísa Abreu, o Historiador Rui Carita, professor catedrático da Universidade da Madeira, e o historiador Francisco Faria Paulino.
Finalmente, para perpetuar esta efeméride, será descerrado, no dia 26 de Março, um "monumento simbólico" num dos jardins da Avenida do Mar, "precisamente em frente onde este hidroavião amarou".
Governo Regional também assinala o momento
A Secretaria Regional de Turismo e Cultura também assinalou os 100 anos da travessia. Nesse sentido, colocou no site da Direcção Regional do Arquivo e Biblioteca da Madeira (DRABM) propostas temáticas alusivas à efeméride, que divulgam acervo documental e bibliográfico que ali se encontram depositados.
Neste leque documental estão reunidas fotografias do ‘Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicentes’, em depósito na DRABM, sendo 9 do fundo ‘Perestrellos Photographos’ e 17 do fundo ‘Photographia Vicente’.
Além disso, é disponibilizada uma selecção de páginas de jornais do acervo da Direcção Regional, para relembrar aquela memorável viagem, estudos sobre o tema e assim como bibliografia recente na área de informação complementar.
A propósito da data, Eduardo Jesus diz que este dia "constitui uma efeméride importante para a Madeira" pelo que "o Governo Regional quis assinalar o centenário da viagem que ligou Lisboa ao Funchal por considerar um momento histórico e marcante que importa recordar e passar às novas gerações".
A viagem pioneira
Naquele distante dia 22 de março de 1921 amarou na baía do Funchal, o hidroavião “Felixtowe F-3”, de fabrico britânico, tripulado por Sacadura Cabral, Gago Coutinho e Orthiz Bettencourt, os quais se faziam acompanhar pelo mecânico Roger Soubrian.
No dia seguinte, a 23 de Março, os jornalistas do DIÁRIO publicaram uma notícia alusiva ao marco com informações que tiveram a oportunidade de recolher junto dos aviadores, aquando da sua homenagem no Palácio de São Loureço no próprio dia.
"O Oficial de navegação, Sr. Gago Coutinho fixou o ponto de navegação marítima, conseguindo trazer a aeronave numa linha recta (…) Trouxeram a bordo 50 caixas de gasolina com peso de cerca de 1.400 quilos e por únicos mantimentos dispunham de uma caixinha de bombons!".