Maduro decreta "quarentena radical" na Venezuela até depois da Páscoa
A Venezuela estará em "quarentena radical" até depois da Páscoa, para tentar travar a propagação local da variante do vírus da covid-19 detetada no Brasil, anunciou no domingo o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
"A Semana Santa deste ano será de quarentena radical. Iniciámos duas semanas contínuas de quarentena radical", disse Maduro numa alocução televisiva. O anúncio ocorre quando os números oficiais de infetados registam uma subida constante, atribuída à segunda onda da covid-19 no país.
Maduro pediu aos responsáveis pelos programas de prevenção e de atenção médica estatal que "se ativem com força" para travar a expansão do coronavírus. "Monitorar o cumprimento da quarentena radical, minimizar a mobilidade da população, evitar concentrações massivas de pessoas, reduzir as atividades bancárias, reativar os filtros sanitários em atividades essenciais (alimentação, saúde, telecomunicações), desinfetar áreas de surtos ativos, centros de saúde e hospitais, e higienizar veículos de transporte público", foram algumas das suas ordens.
Maduro atribuiu o aumento de casos no país à propagação local das variantes P1 (encontrada em Manaus) e P2 (detetada no Rio de Janeiro) e ao relaxamento das medidas de biossegurança pela população. "Falamos de um coronavírus mais perigoso. A variante brasileira da covid-19 está levando o país ao ponto que se tinha em março de 2020, porque tem uma maior carga viral", disse.
Segundo Maduro, a "Venezuela enfrenta uma nova ameaça, devido à sua extensa fronteira com o Brasil" e, por isso, a necessidade de reforçar as medidas. "Essa variante aumentou o número de infeções e também de mortes. Tivemos uma média de quatro mortes por dia e agora são oito mortes por dia, e pode crescer", disse, alertando que "as variantes do Brasil estão colapsando o sistema de saúde".
Maduro anunciou que "até novo aviso", não haverá aulas presenciais na Venezuela. "Manteremos o sistema educativo através das tele-aulas, de maneira televisiva, pela Internet, por videoconferência", disse.
Na Venezuela, estão oficialmente confirmados 150.306 casos da covid-19, desde o início da pandemia, em março de 2020. Há 1.483 mortes associadas ao novo coronavírus e 140.239 pessoas recuperaram da doença. O país está em estado de alerta desde 12 de fevereiro de 2020, e Nicolás Maduro ordenou um "cerco sanitário" na cidade de Caracas e nos estados de Miranda, La Guaira e Bolívar, devido ao aumento de casos de pessoas infetadas com a variante do novo coronavírus detetada no Brasil.
Segundo a Associação Capital de Clínicas e Hospitais (ACCH), as áreas de hospitalização e isolamento e de terapia intensiva de 11 clínicas privadas da cidade de Caracas estão a registar entre "95% e 100%" de ocupação de pacientes diagnosticados com a covid-19.
Em 06 de março, Nicolás Maduro e a sua mulher, Cília Flores, receberam a primeira dose da vacina russa Sputnik V contra o coronavírus SARS-CoV-2. A Venezuela recebeu, em 02 de março, meio milhão de doses de vacinas da farmacêutica estatal chinesa Sinopharm contra a covid-19 e em 13 de fevereiro, recebeu as primeiras 100 mil doses da vacina russa. Segundo a Academia Nacional de Medicina da Venezuela, o país necessita de 30 milhões de vacinas para imunizar 15 milhões de pessoas, 3,5 milhões de maneira prioritária.