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Associações de jornalistas denunciam violência da polícia na Tailândia

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Seis associações de jornalistas da Tailândia denunciaram hoje a violência exercida pela polícia contra vários profissionais da comunicação social que reportavam, na noite de sábado, em Banguecoque, um protesto pacífico em defesa de reformas democráticas no país.

O grupo de associações referiu que vários jornalistas ficaram feridos devido à atuação da polícia antimotim, que utilizou balas de borracha e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes na grande maioria jovens universitários.

Pelo menos três jornalistas locais, identificados como representantes da imprensa por uma pulseira branca, foram atingidos pelas balas de borracha disparadas pela polícia, indicou Sunai Phasuk, responsável da Human Rights Watch (HRW).

Num comunicado conjunto, as seis associações de jornalistas locais afirmaram "rejeitar todas as formas de violência" e manifestaram "preocupação pela situação" na Tailândia, pedindo às forças de segurança que respeitem "o direito à manifestação pacífica" dos tailandeses.

A associação Erawan indicou que pelo menos 30 civis ficaram feridos durante a carga policial destinada a dispersar os mais de mil manifestantes concentrados desde a tarde de sábado no centro histórico da capital tailandesa.

Por seu lado, a organização jurídica Thai Lawyers fod Human Righs (TLHR) garantiu que as forças policiais prenderam 30 manifestantes, quatro deles menores de idade.

As autoridades tailandesas ergueram um muro com mais de 100 contentores de mercadorias para bloquear a passagem dos jovens que pretendiam chegar ao Grande Palácio de Banguecoque, para entregar cartas ao rei Vajiralongkorn a exigir reformas na Casa Real, embora o monarca não resida aí.

Dezenas de manifestantes, com a ajuda de cordas, conseguiram romper o "muro" e, após um período de tensa calma, as autoridades carregaram sobre a multidão. 

Num vídeo divulgado nas redes sociais, dezenas de policiais são vistos a espancar manifestantes indefesos com cassetetes e pontapés. Um deles continuou a receber golpes depois de ter perdido a consciência e de estar inanimado no chão.

Os protestos pró-democracia, liderados por estudantes e geralmente pacíficos, começaram em julho de 2020 para exigir a renúncia do primeiro-ministro tailandês e a elaboração de uma nova Constituição - a atual foi redigida pela Junta Militar anterior (2014-2019) -- com o objetivo de reduzir o poder dos militares. 

Em agosto, foi pedida a reforma da monarquia para que tivesse menos influência política e a emenda da lei de lesa-majestade, que tem sido criticada pela ONU por ser excessivamente rígida.

Os protestos recomeçaram em fevereiro deste ano, após quatro líderes do movimento pró-democracia terem sido acusados de "crime de lesa-majestade", estando detidos desde então.

Na Tailândia, as acusações de lesa-majestade não são, por norma, passíveis de pagamento de qualquer caução, pelo que não é possível a saída em liberdade.

As duas principais figuras do movimento pró-democracia, Parit Chiwarak, também conhecido como Penguin, e Anon Numpa estão entre os quatro ativistas detidos.

Pelo menos 57 outros ativistas, entre eles três menores, também se encontram detidos sob a acusação de "crimes de lesa-majestade".