Polícia dispersa manifestação pró-democracia na Tailândia
Uma manifestação pró-democracia em frente do Grande Palácio de Banguecoque foi hoje dispersa pela polícia, que recorreu a balas de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água, reportou a agência noticiosa France-Presse (AFP).
"Vocês estão a infringir a lei", disse, através de um altifalante, a polícia, enquanto os manifestantes usavam cordas para mover uma parede de contentores erigida em frente ao palácio para se protegerem.
Os manifestantes conseguiram abrir caminho antes de começarem a atirar cocktails 'Molotov' às dezenas de agentes da polícia que se encontravam a cerca de uma centena de metros, apoiados por canhões de água para impedir a aproximação ao palácio.
"Libertem os nossos amigos", gritaram os manifestantes, numa referência aos líderes do movimento pró-democracia presos no início deste ano.
A polícia respondeu abrindo fogo com balas de borracha e gás lacrimogéneo. Cerca das 20:30 locais (13:30 TMG e em Lisboa), apenas um pequeno grupo de manifestantes permanecia em frente à polícia.
Antes dos confrontos, a polícia efetuou uma rusga a uma editora livreira para apreender cerca de uma centena de exemplares do livro do ativista e advogado de direitos humanos Anon Numpa, intitulado "A Monarquia, Uma Instituição Dentro da Sociedade Tailandesa".
"O próximo passo é chamar especialistas para ver se o livro infringe a lei", disse o major da polícia Trirong Prasopmongkol à AFP.
"A rusga estava ligada à manifestação, já que os manifestantes anunciaram nas redes sociais que iriam distribuir esses livros", acrescentou.
Os manifestantes responderam colocando o livro 'online' e apelaram aos ativistas para o imprimirem e o lerem durante os protestos.
Cerca de 3.000 agentes da polícia foram chamados para Banguecoque para conter aos protestos, segundo relatos da imprensa local.
Desde o verão passado que o reino tailandês está a ser fustigado com manifestações que reuniram dezenas de milhares de pessoas na capital no auge dos protestos, entre julho e dezembro de 2020.
Os protestos recomeçaram em fevereiro, após quatro líderes do movimento pró-democracia terem sido acusados de "crime de lesa-majestade", estando detidos desde então.
Na Tailândia, as acusações de lesa-majestade não são, por norma, passíveis de pagamento de qualquer caução, pelo que não é possível a saída em liberdade.
As duas principais figuras do movimento pró-democracia, Parit Chiwarak, também conhecido como 'Penguin', e Anon Numpa, estão entre os quatro ativistas.
Pelo menos 57 outros ativistas, entre eles três menores, também se encontram detidos sob a acusação de "crimes de lesa-majestade".