EUA disponibilizam mais 52 milhões de dólares em ajuda humanitária para região de Tigray
Os Estados Unidos da América (EUA) vão disponibilizar mais 52 milhões de dólares para responder à crise humanitária na região de Tigray (Etiópia), cuja situação "vai continuar a piorar sem uma solução política", anunciou hoje o Departamento de Estado.
"Os Estados Unidos vão disponibilizar mais cerca de 52 milhões de dólares [mais de 43 milhões de euros] em assistência para responder à crise humanitária na região de Tigray, na Etiópia. Os Estados Unidos já disponibilizaram um total de cerca de 153 milhões de dólares [mais de 128 milhões de euros]", explicita um comunicado do Secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken.
A nota acrescenta que os Estados Unidos "continuam gravemente preocupados com o degradamento da crise humanitária" em Tigray, apesar de reconhecerem "os esforços públicos e progresso feitos pelo Governo da Etiópia em aumentar o acesso humanitário".
A comunidade internacional "tem de cumprir com todos os compromissos, incluindo o levantamento de restrições à importação e utilização de equipamentos de comunicação pelas organizações humanitárias", além de permitir a extensão da documentação para os trabalhadores humanitários estrangeiros.
"A situação humanitária vai continuar a piorar sem uma solução política. A cessação das hostilidades, a retirada imediata das forças eritreias, e o fim do destacamento do Governo etíope das forças regionais de Amhara em Tigray são primeiros passos essenciais", explicita o comunicado.
Washington também anunciou hoje que o senador democrata Christopher Coons -- um dos principais aliados do Presidente, o também democrata Joe Biden -- vai viajar para a Etiópia para pedir uma solução para o conflito que já vitimou milhares de pessoas.
A notícia da deslocação de Coons acontece no mesmo dia em que a alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, aceitou o pedido da Etiópia para uma investigação conjunta sobre as consequências humanitárias do conflito na região de Tigray.
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz de 2019, lançou uma intervenção militar no início de novembro para derrubar o governo estadual eleito, pertencente ao partido que durante décadas dominou a política federal etíope, a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), cujas forças acusou de atacarem uma base do exército federal na região.
Adis Abeba declarou vitória em 28 de novembro, mas a grande maioria dos líderes estaduais, pertencentes à TPLF, que o Governo federal quer desarmar e prender, estão em fuga e prometeram continuar a lutar.
O acesso ao estado do Tigray melhorou recentemente, mas durante semanas um 'blackout' de comunicações e restrições às deslocações impostas pelas forças federais tornaram difícil o conhecimento da situação no terreno.