México restringe acesso às fronteiras terrestres
O México limitará a partir de sexta-feira o acesso às fronteiras terrestres do país (norte e sul) a atividades consideradas como essenciais, bem como aplicará medidas de controlo sanitário para travar a propagação do novo coronavírus, foi hoje divulgado.
"Para prevenir a propagação da [doença] covid-19, será imposto, a partir de 19 de março de 2021, restrições ao trânsito terrestre para atividades não-essenciais nas nossas fronteiras norte e sul", informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros mexicano através das redes sociais.
A diplomacia mexicana acrescentou que o governo irá aplicar igualmente medidas de controlo sanitário nas mesmas passagens fronteiriças e que estas restrições estarão em vigor até pelo menos 21 de abril.
A fronteira comum entre o México e os Estados Unidos da América (EUA) está encerrada para viagens não-essenciais desde março de 2020 devido à pandemia da doença covid-19.
Mas, até agora, o México não tinha anunciado este tipo de restrição para a sua fronteira sul, que faz ligação com a Guatemala.
Esta fronteira tem estado, no entanto, sob vigilância militar desde 2019, medida assumida para tentar travar as caravanas de migrantes oriundos de países da América Central, como Honduras, El Salvador, Nicarágua e da própria Guatemala.
Apesar do governo do México atribuir as medidas hoje divulgadas à atual crise pandémica, o anúncio coincide com um aumento dos fluxos migratórios que tem sido registado desde o início de funções da administração norte-americana liderada pelo Presidente democrata Joe Biden.
No início de fevereiro, Biden assinou um decreto a suspender novos registos no programa Protocolos de Proteção ao Migrante (MPP, na sigla em inglês), também conhecido por "Permanecer no México", que tinha sido instituído pelo anterior Presidente, o republicano Donald Trump.
No âmbito desse programa, cerca de 68.700 pessoas foram devolvidas ao México para aguardarem resposta ao seu processo de pedido de asilo.
Em 19 de fevereiro, a administração Biden retomou o processamento de 25.000 requerentes de asilo regressados ao México ao abrigo do MPP.
Esta semana no Congresso, a administração Biden negou qualquer relaxamento na fronteira com o México e garantiu que a mesma permanece fechada apesar de um fluxo "histórico" de migrantes.
"A fronteira é segura, não está aberta", garantiu o secretário da Segurança Nacional, Alejandro Mayorkas, perante uma comissão parlamentar.
O Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) reportou a detenção de 100.441 migrantes indocumentados em fevereiro, incluindo mais de 70.000 adultos solteiros e 9.457 menores desacompanhados.
Em janeiro, tinham sido verificadas 78.442 detenções de migrantes irregulares.
Numa entrevista a um canal norte-americano, o próprio Presidente Biden pediu aos migrantes para não entrarem no país.
"Posso dizer claramente: não venham. Ouvi dizer que eles estavam a vir porque eu sou um tipo porreiro(...). Isso não é verdade", afirmou Biden em entrevista à estação ABC, enquanto os republicanos o acusam de encorajar o regresso dos migrantes ao relaxar as políticas migratórias do seu antecessor Donald Trump.
Ainda no Congresso, Alejandro Mayorkas rejeitou que exista uma "crise migratória" e apontou para a "crise humanitária" criada pelas políticas assumidas pela administração republicana de Trump.