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92% da população não têm fluxo de água de forma contínua nas torneiras

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Na Venezuela, 92% da população não têm um fluxo de água de forma contínua nas torneiras, segundo dados do Observatório do Gasto Público do Centro de Divulgação do Conhecimento Económico (Cedice).

"92% da população recebe água de forma intermitente, não há fluxo contínuo nas canalizações", explica um relatório divulgado quinta-feira e correspondente ao mês de fevereiro de 2021.

Segundo o Cedice, em fevereiro último "74% das canalizações não têm pressão, poluindo a água e fornecendo 40% menos água do que a necessária".

Por outro lado, detalhou, "61% da água não é tratada de forma eficiente, por isso tem problemas de qualidade em termos de aparência".

Segundo o Cedice, em fevereiro, 711.947 venezuelanos usaram as redes sociais para denunciar que estavam sem água e apenas "25% das falhas no sistema de distribuição ou rutura de canalizações foram reparadas durante o mês".

"Sabe-se que as unidades de distribuição estão trabalhar a 45% da capacidade e existem pelo menos 230 fugas de 'água branca'", afirma.

O Cedice explica ainda que em 2019 o Governo venezuelano investiu 200 milhões de dólares (168 milhões de euros), para melhorar os serviços públicos, o sistema de água potável, saneamento e distribuição e apenas dispôs de 22,5%.

"O projeto consista na reabilitação e manutenção do sistema de distribuição de água, a fim de garantir a continuidade (do fluxo), cobertura e qualidade", precisa.

No documento, o Cedice, refere algumas das falhas importantes no sistema de distribuição de água e investimentos aprovados, alguns deles em Caracas (localidades de Petare, no leste, e 23 de Enero, no oeste), e nos Estados de Carabobo, Falcón, Guárico e Nova Esparta, cujas obras foram parcialmente realizados e os utilizadores continuam a perceber falhas de abastecimento.

Com frequência os venezuelanos queixam-se de falta de água, situação que tem ocasionado vários protestos, inclusive na zona da Grande Caracas, em El Junquito, onde a população local chega a estar 15 dias contínuos com as canalizações secas.

Segundo a imprensa local, na Venezuela viviam, em 2020, 32 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões emigraram, nos últimos anos, escapando da crise política, económica e social que afeta o país.