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Lula pede que Biden convoque G20 para debater distribuição de vacinas

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O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva pediu na quarta-feira ao mandatário norte-americano, Joe Biden, que compartilhe as vacinas restantes contra a covid-19 e convoque o G20 para discutir a distribuição de imunizantes.

"Uma sugestão que gostaria de fazer a Biden é que é muito importante convocar com urgência uma reunião do G20, é importante convocar os principais líderes mundiais e colocar uma coisa na mesa, um só tema: vacina, vacina, vacina", disse Lula em entrevista à rede de televisão norte-americana CNN.

O líder da oposição brasileira garantiu que "a responsabilidade dos líderes internacionais é tremenda" e disse que se dirige a Biden porque não confia no atual Governo do Brasil, presidido por Jair Bolsonaro.

"Peço a Biden que faça isso, porque não acredito no meu Governo. Nem poderia pedi-lo a Donald Trump (ex-presidente dos EUA), mas Biden é um sopro para a democracia no mundo", acrescentou Lula.

Ainda na entrevista, o ex-presidente brasileiro pediu aos Estados Unidos que compartilhem as suas vacinas que sobraram, algo que, até ao momento, Washington se negou a fazer.

"Os Estados Unidos têm um excesso de vacinas e não vai usar todas e talvez essas vacinas, quem sabe, poderiam ser doadas ao Brasil ou para outros países ainda mais pobres que o Brasil, que não tem condições de comprar vacinas", afirmou o histórico líder do Partido dos Trabalhadores (PT).

O Brasil registou na quarta-feira um novo recorde diário de 90.303 casos de covid-19 e somou 2.648 mortes nas últimas 24 horas, totalizando 284.775 óbitos e 11.693.838 diagnósticos desde o início da pandemia.

O Brasil, que é o segundo país do mundo mais afetado pela pandemia, apenas atrás dos Estados Unidos, vive o maior colapso sanitário e hospitalar da sua história devido à falta de vagas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), maior centro de investigação da América Latina, 25 das 27 unidades federativas do país registam taxas de ocupação das camas de UTI, voltadas para o tratamento de pacientes graves, iguais ou superiores a 80%, e em 15 Estados já superaram 90% de sua capacidade, situação "absolutamente crítica".

Os Estados Unidos, que, ao contrário de outras potências como a Rússia ou a China, até agora se recusaram a exportar vacinas, avalia os pedidos dos países mais próximos, como México e Canadá, para compartilhar algumas das suas doses.

A acumulação dos Estados Unidos e de outros países ricos tem gerado preocupação entre alguns especialistas, que alertam que essa situação está a afetar a capacidade de outros países com menos recursos de obter imunizantes suficientes a curto prazo, gerando uma recuperação desigual e aumentando o risco de mutações do novo coronavírus.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.671.720 mortos no mundo, resultantes de mais de 120,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.