Que estão fazendo a Laurissilva?
Ainda se insiste com a estrada das Ginjas, depois de se ter bem justificadas as razões para as suas consequências nefastas. As justificações para a fazer são só um capricho de quem quer esbanjar dinheiro e de nada da Laurissilva entende.
E não é preciso ter uma licenciatura, mestrado ou doutoramento em Biologia ou afins para saber. Basta saber ouvir quem percebe e dedica o seu tempo a estudar, a cuidar e a ensinar sobre a riqueza que temos nesta Ilha. Aliás, que ainda temos, e a que já se perdeu, ou a que pudermos recuperar, a que renascer das cinzas dos nefastos incêndios.
Agora o pombo trocaz, espécie endémica desta Ilha, vai poder ser abatida indiscriminadamente por quem se intitula de caçador. Isto para minimizar os estragos na agricultura.
Vamos lá ver uma coisa, já pensaram porque o pombo decide procurar alimento nas zonas agrícolas? Essas zonas agrícolas não estarão a invadir a floresta, o habitat natural do pombo?
O seu habitat está degradado, a ilha sofreu incêndios, num passado muito recente, e as acções de reflorestação foram escassas, o que leva o pombo a procurar alimento fora do seu habitat natural.
Porque não é só plantar umas coisinhas na serra e aparecer nas fotos.
Reflorestar exige dedicação, e fazer manutenção. Não é para qualquer um, o que é triste, visto termos crescido numa ilha que vive da Laurissilva enquanto atrativo turístico, e que permite esta ilha não ser um deserto, e, contudo, na escola quase nada ensinam sobre a Laurissilva e de como a preservar. Só um grupo de pessoas o conseguiam fazer em palestras ou programas de tv, esse grupo conta-se pelos dedos de uma mão, e foram sempre chamados de chatos e exagerados.
É triste saber que muitos dos nossos jovens adultos e jovens não sabem o nome de uma planta endémica ou até saber distinguir uma no meio do silvado e carqueja que vem invadindo a nossa floresta de um modo triste e degradante.
Falta adaptar a educação na região há nossa realidade. Se não ensinarmos os jovens sobre a Laurissilva, o seu valor inestimável e como a preservar, que será desta ilha daqui a 20 anos?
Atrevo-me a dizer que temos pessoas em cargos chave que podem ter doutoramentos ou formações pomposas, mas são uns completos ignorantes sobre a sua própria ilha.
A ignorância trata-se com a procura de informação, saber ouvir quem sabe e quer passar e partilhar o conhecimento.
Já é hora de termos a frente dos assuntos regionais pessoas deveras competentes!
R.N.