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Quem vive, pode morrer!

Andamos muito concentrados ... ou muito distraídos á volta deste assunto premente, que nos aflige há 15 meses a fio, desfilando por entre os “picos e vales” com as informações boas, más, velhas, novas, necessárias, desnecessárias, verdadeiras, duvidosas ... com muita sinceridade, acho que pouca gente liga ou absorve aquilo de que se fala. Porque estamos a esquecer e a distorcer, tudo o resto, resto esse que é muito grande e muito importante. Diz-se que o vírus atingiu a cultura, é certo, ... mas no dia a dia, constato muitas cenas de teatro, supostamente teatro “excêntrico”, a nível nacional e internacional, com enredos e argumentos destrutivos, á volta de pretextos e motivos totalmente delinquentes, perpetrados por indivíduos sem rosto e deveras sem massa encefálica. Que ao mesmo tempo, escondidos nas redes sociais, beneficiando duma imunidade “legal” automática, mobilizam os indivíduos mais frágeis e os desintegrados, para movimentos de grande violência, injustificada, sem objectivos ... a não ser uma pura e desmedida destruição. Por cá também vão querendo destruir o nosso legado histórico ... e como cada qual pode falar daquilo que lhe vem da testa, sem apresentar o respectivo atestado de robustez mental, ouvem-se as maiores barbaridades, de pessoas conotadas com a política, tidas e consideradas como possuidoras de reconhecida responsabilidade. Estou mesmo espantado, como ninguém ainda se lembrou de abordar aquele assunto antigo de violência doméstica, entre D. Afonso Henriques e sua mãe, Dona Teresa de Leão, ... parece que acabou tudo á bolachada... segundo o face-book da época, no ano de 1115 D.C.

Mas, o assunto que aqui me trás hoje, refere-se á pouca importância reconhecida, pela morte de três atletas de alto rendimento, no treino ou na competição activas, no futebol, no basquetebol e no andebol. Um deles, titular da selecção nacional em Janeiro último, num torneio do Campeonato do Mundo de Andebol. Mortes súbitas, provávelmente de causa cardíaca ou vascular, mas sempre muito surpreendentes, quando se trata de adultos jovens, desportistas ... que, por inerência da actividade praticada, devem estar naturalmente muito bem avaliados e bem testados físicamente. Nada hoje me espanta, com tantos facilitismos e faltas de rigor, mas trata-se verdadeiramente de uma situação chocante para a comunidade desportiva e para a sociedade em geral, mesmo reconhecendo o ambiente atípico que estamos passando aqui no mundo. Morrer na guerra é possível! Morrer de covid é raro! Morrer a praticar desporto é grave! Tem de haver um justificação e uma explicação científica, para poder activar e funcionar uma prevenção obrigatória. Quem faz a avaliação dos desportistas, tem de ser conhecedor, das patologias, dos riscos e de muitos outros pormenores, para assim poder evitar estas fatalidades.

Não será nunca adequado - apesar de estar autorizado - efectuar exames médicos de qualquer natureza, em autocarros ou carrinhas, mesmo preparadas para esse efeito, pecando pela qualidade e até pela dignidade destas actuações. É sabido e é comum realizar exames na medicina ligada ao trabalho, nestas instalações precárias e ambulantes, havendo depois a facilidade do 2 em 1 ou do 3 ou 4 em 1 ... ou seja, realizar o tal exame para a actividade laboral e depois ... “já agora”... e porque não, o exame para o desporto federado, e ainda mais, ... a licença de porte de arma ou o atestado para a carta de condução. Uma postura de tipo supermercado: se levar dois quilos de uvas, recebe de borla, um quilo de tomates e dez gramas de noz moscada!

Prevenir para realmente evitar só funciona se houver rigor! E estamos aprendendo isso mesmo neste quadro pandémico. Custa infinitamente mais barato prevenir do que tratar. Por isso é que agora, as coisas mais importantes do mundo são: o ar que respiramos e a nossa educação cívica, ... para sairmos aí pelo mundo fora, sem “contaminar” ninguém.

A actividade física em competição ou fora dela, só tem valor salutar, se cada um, conhecer as suas capacidades, os seus limites, os seus riscos e assim poder colher os seus próprios benefícios. Morrer com vinte anos de idade, a fazer desporto, é muito difícil de digerir, porque pode e deve ser evitável. Para isso tem de se conhecer, os sítios certos, as pessoas certas, realizar os testes e os exames certos e cumprir “sem pisar a linha amarela”!

Para saber viver, temos de conhecer com rigor quem somos e aquilo que podemos fazer!

José Manuel Morna Ramos

P.S. “ Piscinas Paulo Camacho” - C.N.F.! Homenagem merecida ao nadador “olímpico” do Clube Naval do Funchal, agora formador e treinador de natação ! Obrigado amigo Paulo e um grande abraço!