Suspensão da AstraZeneca em vários países não afecta campanha global de vacinação
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou hoje que globalmente as campanhas de vacinação contra o SARS-CoV-2 continuam sem sobressaltos, apesar de um número crescente de países, incluindo Portugal, ter suspendido a administração do fármaco da AstraZeneca.
A OMS explicitou que as vacinas da AstraZeneca incluídas no programa COVAX, que envia vacinas maioritariamente para os países com menor capacidade de aquisição de fármacos, estão a ser produzidas na Índia e na Coreia do Sul, e que a suspensão em alguns países - por receios da formação de coágulos sanguíneos -- diz respeito a vacinas produzidas na Europa.
"Compreendemos que isto são medidas de precaução (...). Gostava de dizer o seguinte aos países de outras regiões que não a Europa: As vacinas [em causa] até agora foram fabricadas na Europa e não são providenciadas pelo programa COVAX", disse a diretora-geral adjunta da OMS Mariangela Simao.
Portugal, France, Alemanha, Espanha e Itália são os últimos países a integrar uma lista crescente de países maioritariamente europeus -- cujo início começou na semana passada com a decisão da Dinamarca de suspender a administração da vacina em causa -- que suspenderam temporariamente a utilização do fármaco da AstraZeneca para investigar os casos reportados de formação de coágulos sanguíneos em pessoas que tinham recebido esta vacina.
"Isto não significa necessariamente que estes eventos estão relacionados com a vacinação [com a vacina da AstraZeneca]", advertiu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa, referindo, no entanto, que é prática rotineira investigar casos como os que foram reportados para despistar.
As autoridades de saúde portuguesas decidiram hoje suspender o uso da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 por "precaução".
A decisão foi anunciada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pela autoridade do medicamento (Infarmed) e surge após vários países europeus também já terem suspendido a administração desta vacina devido a relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas.
Questionado sobre a existência de episódios de tromboembolismo na sequência da vacinação contra a covid-19, Rui Ivo reconheceu que se registaram dois casos, embora tenha distanciado essas situações daquelas que se verificaram noutros países.
"São casos diferentes dos que efetivamente foram hoje reportados a nível europeu, não estão no mesmo padrão. São situações que estão totalmente em recuperação", assegurou.
A decisão pela suspensão da administração da vacina ocorre apenas um dia depois de Infarmed e DGS terem declarado que a vacina da AstraZeneca podia continuar a ser administrada, frisando que não havia evidência de ligação com os casos de tromboembolismo registados noutros países. Entretanto, o país continua a utilizar as vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna, autorizadas pela Agência Europeia do Medicamento.
Espanha, Itália, Alemanha, França, Noruega, Áustria, Estónia, Lituânia, Letónia, Luxemburgo e Dinamarca, além de outros países, incluindo fora da Europa, já interromperam por "precaução" o uso da vacina da AstraZeneca, após relatos de casos graves de coágulos sanguíneos em pessoas que foram vacinadas com doses do fármaco da AstraZeneca.
A empresa já disse que não há motivo para preocupação com a sua vacina e que houve menos casos de trombose relatados nas pessoas que receberam a injeção do que na população em geral.
A Agência Europeia do Medicamento (EMA) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmaram que os dados disponíveis não sugerem que a vacina da AstraZeneca tenha causado os coágulos e que as pessoas podem continuar a ser imunizadas com esse fármaco.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou, entretanto, que o comité de especialistas desta agência das Nações Unidas "está a rever os dados disponíveis" sobre a vacina desenvolvida pelo laboratório sueco e pela Universidade de Oxford e vai reunir-se na terça-feira para discutir a vacina.
Em Portugal, a pandemia de covid-19 já provocou a morte de 16.694 pessoas dos 814.513 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.