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Elisa Ferreira defende aposta na diversificação dos sectores económicos para responder à crise

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A comissária europeia Elisa Ferreira apelou hoje para uma aposta na diversificação dos setores económicos e no desenvolvimento do "potencial" de todas as regiões do país como resposta à crise provocada pela pandemia de covid-19.

Para a comissária responsável pela pasta da Coesão e Reformas, que falava no encerramento de um debate intitulado "Emprego: por onde e para onde ir?", Portugal necessita de "diversificar os setores económicos, de modo a que não tenhamos todos os nossos ativos dependentes de um único setor".

Essa diversificação, apontou, deve acontecer segundo o desenvolvimento do "potencial de todas as regiões, de todas as cidades e não apenas de um ou dois polos", pois, nesse caso, o resto do país não aproveitaria "as dinâmicas que estão latentes".

Tendo em conta que "o impacto da pandemia tem sido sentido de forma desigual segundo as regiões", Elisa Ferreira deu o exemplo da região do norte de Portugal, "mais populosa e com maior concentração de atividade industrial", que "sofreu muito no início do primeiro confinamento, mas depois começou a recuperar quando as restrições foram levantadas no terceiro trimestre", e das regiões do Algarve, dos Açores e da Madeira, que "sofreram mais em linha com a sua dependência do turismo".

A comissária insiste, por isso, não ser possível ter "uma recuperação robusta e equilibrada nem na Europa, nem em Portugal, se só metade [dos países] recuperar", pois a própria dinâmica dessas cidades ficará "esmagada" com a pressão daqueles que buscam nas grandes cidades uma "oportunidade que não têm nos lugares onde nascem e onde gostariam de residir".

Ao tempo, frisou, a "excessiva concentração" da atividade num único polo provocará, mais tarde, "problemas ambientais, pobreza e uma deterioração geral da qualidade de vida".

"É importante apostar e pensar nas cidades de pequena e média dimensão, que têm de ser apoiadas no sentido de conseguirem atrair atividade económica e dispor de serviços básicos essenciais, como boas redes de educação, saúde, internet, transporte, o mínimo de bem estar social", disse.

Elisa Ferreira assinalou ainda a necessidade de "aumentar a participação no mercado de trabalho, em toda a Europa, das mulheres e dos jovens", os "elementos mais afetados pela crise".

"Temos de maximizar o potencial económico que reside em todos os trabalhadores. O desemprego jovem dos 15 aos 24 anos permanece muito elevado, com uma taxa de 25,3%, ou seja, uma em cada quatro pessoas. Há sempre aquele problema de quem nem estuda, nem trabalha, nem tem formação. E isto é um perigo para o nosso futuro. Não podemos dar-nos ao luxo de deixar pessoas com este potencial desperdiçadas no mercado", defendeu.

Admitindo que, numa primeira fase, o apoio à recuperação deve concentrar-se na "economia geral", para evitar que "empresas em diferentes setores desapareçam por falta de liquidez", a comissária europeia garante que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)oferece "uma oportunidade única de direcionar o investimento para novas oportunidades" geradas "a partir das revoluções digital e ecológica".

"Não chega investir nos setores que já existiam. É preciso também começar a preparar a formação e a especialização das pessoas que vão trabalhar em setores já virados para o futuro, sem reproduzir necessariamente o passado. Em Portugal, os setores das novas tecnologias de informação e comunicação, serviços de engenharia e arquitetura, podem beneficiar de um forte crescimento até 2030, estima-se que na ordem dos 16%", argumentou.