NATO tem de adaptar-se às alterações climáticas
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, defendeu hoje que a Aliança tem de adaptar a sua postura e a maneira como conduz operações militares face às alterações climáticas, por afetarem "diretamente" a segurança dos Aliados.
"A NATO deve avaliar e compreender a ligação entre as alterações climáticas e a segurança. Temos de nos adaptar, porque os fenómenos climáticos extremos irão afetar diretamente a maneira como conduzimos as nossas operações militares, irão afetar as bases navais em todo o mundo através do aumento do nível do mar, e o derretimento do gelo irá ter um impacto na situação estratégica do Extremo Norte", defendeu Jens Stoltenberg.
O secretário-geral da NATO, que intervinha numa sessão conjunta da Comissão dos Assuntos Externos e da Subcomissão de Segurança e Defesa do Parlamento Europeu (PE), qualificou as alterações climáticas como fator "multiplicador de crises".
Nesse sentido, referiu que o aquecimento global afeta "diretamente" a segurança dos Aliados e que, como tal, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) deve procurar "fazer a sua parte" no que diz respeito à redução das emissões.
"Sabemos que, se conseguirmos reduzir a dependência das operações militares em combustíveis fósseis, iremos não apenas reduzir parte das emissões de gases com efeitos de estufa, mas também fazer com que as nossas missões sejam mais resilientes, porque a parte mais vulnerável das operações militares é o fornecimento de quantidades enormes de combustíveis fósseis", apontou.
Nesse âmbito, o secretário-geral da NATO sublinhou que a redução das emissões "anda de mãos dadas" com a "eficácia operacional" da Aliança e reiterou que a NATO deve "esforçar-se muito mais" para lidar com as alterações climáticas.
Já na semana passada, após um encontro com o enviado especial norte-americano para o clima, John Kerry, Jens Stoltenberg tinha apelado a que a NATO desempenhasse um "papel maior" no combate às alterações climáticas.
"As transições climáticas tornam o mundo mais inseguro, por isso a NATO precisa de intensificar e desempenhar um papel maior no seu combate [às mesmas], incluindo através da redução das emissões militares", tinha escrito, na altura, Jens Stoltenberg na sua conta oficial da rede social Twitter.
Stoltenberg reuniu-se virtualmente com os eurodeputados das duas comissões do Parlamento Europeu no âmbito de um debate sobre a cooperação entre a União Europeia e a NATO, e numa altura em que a Aliança se encontra num processo de reflexão, intitulado NATO 2030, que prevê projetar o futuro da Aliança e atualizar o seu conceito estratégico.