CDS lamenta apoios à TAP numa altura em que empresários estão "à míngua"
O presidente do CDS-PP lamentou hoje que o Governo encontre "sempre verbas para injetar" na TAP, uma "empresa que está falida", enquanto os pequenos empresários afetados pela pandemia "continuam à míngua" no que toca a apoios.
Questionado sobre o pedido do Governo a Bruxelas para um auxílio intercalar à TAP de até 463 milhões de euros, Francisco Rodrigues dos Santos disse que o CDS encara essa questão "com algum alarmismo".
O líder do CDS criticou que numa altura em que "não existe dinheiro para apoiar" as micro e pequenas empresas, "há sempre verbas para injetar numa empresa que está falida, que vai arrecadando milhares de milhões de euros consecutivamente e que parece que não tem uma solução de viabilização à vista".
"Os portugueses não entendem como é que para a TAP, para os Novos Bancos há sempre dinheiro, e para apoiar os nossos pequenos e micro empresários esse dinheiro não aparece, não surge e continuam esmagados pelas suas despesas fixas e pelas dificuldades de liquidez que têm nesta altura", acrescentou, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com o Fórum para a Competitividade, na sede do partido, em Lisboa.
Para o líder centrista, "as prioridades do Governo nesta altura" deveriam passar por "apoiar os pequenos e micro empresários, fazendo com que haja condições para que, no quadro das negociações em Bruxelas, o dinheiro possa chegar à economia real e aos verdadeiros ventiladores da economia, que geram negócios, criam riqueza e permitem que ela seja distribuída".
Considerando existir "uma dicotomia", Francisco Rodrigues dos Santos afirmou que "parece que há dois países a diferentes velocidades, em que para uns existe sempre dinheiro mesmo que seja para atirar para um balde que está furado e que é incapaz de resolver os seus problemas estruturais e viabilizar-se enquanto empresa competitiva e que poupe os contribuintes".
Já os "que pagam os seus impostos, que se viram proibidos de exercer as suas atividades profissionais e que neste momento não têm nenhum horizonte de esperança, continuam à míngua, sem qualquer tipo de perspetivas para futuro e com uma possibilidade iminente de irem para o desemprego ou terem de abrir insolvências", criticou.
"Eu acho que o Governo tem de se centrar naquelas que são as verdadeiras prioridades e eu creio que aqui apoiar os nosso setores produtivos, apoiar as nossas pequenas e micro empresas tem de ser uma prioridade e o Governo tem naturalmente que, até no quadro europeu, facilitar a vida aos nossos pequenos e micro empresários, nomeadamente uma coisa que o CDS tem dito há muito tempo que é em Bruxelas prolongar o prazo de amortização das moratórias que vão cair em setembro", insistiu.
O presidente do CDS-PP alertou que, "se o Governo não for capaz de negociar uma dilatação deste prazo, trata-se de uma verdadeira bomba-relógio para a economia" e exigir aos empresários "que paguem as moratórias que têm em dívida quando a economia não estiver preparada" terá "um efeito demolidor da economia que se medirá por desemprego e insolvências".
Na sexta-feira, o Governo apresentou à Comissão Europeia uma notificação para concessão de um auxílio intercalar à TAP de até 463 milhões de euros que "permitirá à companhia aérea garantir liquidez até à aprovação do plano de reestruturação".
Em 2020, a TAP voltou ao controlo do Estado, que passou a deter 72,5% do seu capital, depois de a companhia ter sido severamente afetada pela pandemia de covid-19 e de a Comissão Europeia ter autorizado um auxílio estatal de até 1.200 milhões de euros à transportadora aérea de bandeira portuguesa.