Médicos intensivistas alemães pedem regresso a restrições rígidas
A associação alemã de médicos intensivistas pediu hoje um regresso imediato das restrições mais rígidas para conter a terceira vaga de covid-19.
"Com base nos dados que temos e devido à disseminação da estirpe [detetada inicialmente no] Reino Unido, defendemos veementemente voltar ao confinamento agora para evitar uma terceira vaga forte", disse o diretor científico da associação de médicos intensivistas, Christian Karagiannidis, em declarações à rádio pública.
Se o Governo e as regiões não restabelecerem imediatamente restrições severas, o número de doentes em cuidados intensivos, que atualmente é de 2.800, pode subir rapidamente para "cinco ou seis mil" se "dermos ao vírus a oportunidade de se espalhar", alertou.
"Não temos nada a ganhar por 'abrir' a próxima semana ou as próximas duas semanas, porque chegaremos a um nível elevado [de contágios] muito rapidamente e será duas vezes mais difícil baixar os números", avisou o médico.
As autoridades de saúde alemãs têm alertado, nos últimos dias, para o impacto de uma terceira vaga de infeções ligada à disseminação da estirpe detetada inicialmente em solo britânico, que está a aumentar o número de infeções.
"A extrapolação das tendências mostra que devemos esperar um aumento do número de casos na primeira semana de abril em relação aos do Natal", referiu no sábado o instituto Robert Koch, responsável pelo acompanhamento epidemiológico na Alemanha.
A taxa de incidência a sete dias, que também aumenta há uma semana, pode chegar a 350 casos por cada 100 mil pessoas, contra os 82,9 registados hoje.
O presidente do Instituto Robert Koch, Lothar Wieler, estimou na quinta-feira que "a terceira onda (já tinha começado) na Alemanha".
O país mantém várias restrições significativas, como bares, restaurantes, espaços culturais e desportivos e lojas consideradas não essenciais encerrados, mas as escolas e creches reabriram no final de fevereiro e a pressão relativamente a contactos pessoais foi diminuída.
O balanço da atual situação e eventual adoção de novas medidas serão anunciados em 22 de março pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pelos líderes dos 16 estados regionais.
O Governo deverá, entretanto, enfrentar um clima de tensão, já que a sua estratégia de vacinação é criticada por todas as partes.
O partido conservador de Angela Merkel, também atingido por vários escândalos de deputados suspeitos de enriquecerem com o fornecimento de máscaras, registou duas derrotas pesadas nas eleições regionais de domingo.
A Alemanha registou nas últimas 24 horas mais 6.604 casos de infeção por SARS Cov-2 e 47 mortes, de acordo com dados do Instituto Robert Kock, que revelam um agravamento face a segunda-feira passada.
Na segunda-feira da semana passada tinham sido contabilizadas 5.011 infeções e 34 mortes.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.649.334 mortos no mundo, resultantes de mais de 119,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.