O grande desafio
“[Na guerra] Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar.”
Sun Tzu, in A Arte da Guerra
A primeira vitória, é dos madeirenses. É sempre deles. Nossa. Pela disciplina. Perseverança. E sacrifico, claro. A segunda é do Governo Regional, que acreditou nos madeirenses, no nosso bom-senso, na nossa resiliência, na capacidade de percebermos as várias dimensões desta pandemia, que não se resumem apenas aos impactos na saúde, nem tão pouco se esgotam nos aspetos económicos.
Foi necessário, por isso, encontrar um delicado equilíbrio, ao longo destes meses. E, olhando para os números que diariamente a Direcção Regional de Saúde reporta, é fácil perceber que se, a guerra ainda não está ganha – em lado nenhum do mundo, está –, esta batalha, a da terceira vaga, está a ser vencida. Passamos de quase mil novos casos por semana, na terceira semana de janeiro, para 332 novas infeções pelo SARS-CoV-2 na última semana. Os casos ativos de covid-19 caíram para quase um terço: estão nos 748, quando ultrapassavam os 2.000, nos últimos dias de janeiro, como se poderá verificar nestes números semanais de novos casos de infeção:
De 4 a 10 de janeiro ↔ 678 novos casos
De 11 a 17 de janeiro ↗ 813 novos casos
De 18 a 24 de janeiro ↗ 904 novos casos
De 25 a 31 de janeiro ↘ 783 novos casos
De 01 a 07 de fevereiro 625 novos casos
De 08 a 14 de fevereiro 595 novos casos
De 15 a 21 de fevereiro 463 novos casos
De 22 a 28 de fevereiro↘ 377 novos casos
De 01 a 07 de março ↘ 332 novos casos
Tudo isto – e isto foi enorme – foi feito, é preciso sublinhar, sem recorrer a um confinamento total, generalizado, sem precisar de cercas sanitárias ou outras medidas restritivas, que foram necessárias/utilizadas noutras zonas do país. Naturalmente, se as aulas fossem todas suspensas, se os restaurantes e o comércio fechassem as portas, se fossemos todos para casa, a descida de casos seria mais rápida. Mas a que custo? Como sobreviverem as empresas? O pequeno comércio? Os restaurantes familiares? Como manter os postos de trabalho?
O grande desafio de todos nós, como comunidade, como Região, foi o de conseguir encontrar esse equilíbrio, entre as medidas sanitárias necessárias para combater e conter a pandemia, e a vontade, a obrigação, de não sacrificar a nossa economia, que no último ano tem vivido sem praticamente nenhum turismo.
No Expresso, uma reportagem sobre ‘As ilhas onde se vive uma vida quase normal’, destacava exatamente esse aspeto, o de estarmos a conseguir conjugar as necessidades do tecido empresarial, com a da segurança e saúde das pessoas.
Este propósito foi alcançado. Esta descida consistente e regular de casos de covid-19, sem uma paralisação total da economia foi conseguida com muito mérito do Governo Regional, que tem sabido transmitir à população a importância de respeitar as orientações das autoridades de saúde, ao mesmo tempo que vai adaptando as medidas de acordo com a evolução da pandemia.
Mérito de ter resistido, enfrentando por vezes, as pressões (e foram muitas) de quem exigia um desconfinamento generalizado e apressado, sem cuidar nos resultados que essa imposição acarretaria, a todos os níveis. Mérito de se ter mantido fiel à estratégia delineada, sustentada nas orientações das autoridades de saúde sem fechar os olhos às necessidades das empresas. Mérito, e respeito, de ter sempre encarado esta pandemia como o que ela verdadeiramente é, um problema sanitário, económico e social, e não como outros quiserem (e querem) que ela seja: uma oportunidade política.
Fácil, repito, era trancar tudo. Corajoso, determinado e sempre ponderado, tem sido o caminho que escolhemos. Porque, como escreveu São Tomás de Aquino, se o objectivo principal de um capitão fosse preservar o barco, jamais ele sairia do porto.
A TAP
A TAP, a companhia aérea que os portugueses foram (mais uma vez) chamados a salvar (leia-se pagar), decidiu cobrar bilhetes a valores astronómicos, para um voo de repatriamento do Brasil, organizado pelo Estado por motivos humanitários, como já o havia feito com a Venezuela. Se somarmos os dois percursos o valor chegará quase aos dois mil euros. O caso, deu escândalo, abriu telejornais, fez manchetes, indignou a elite política de Lisboa e os comentadores do costume.
Duas notas. A primeira, é que foi precisamente para servir a Diáspora e por causa dela, uma das justificações deste Governo da República para primeiro reverter a privatização e, agora, injetar mais dinheiro na companhia. A segunda, é que todos os anos, ano após ano, no Natal e Ano Novo, os madeirenses, os estudantes, são sujeitos a igual tratamento se quiserem passar a ‘Festa’ em casa. E em Lisboa, os que agora se indignam, assobiam para o lado e encolhem os ombros.
Aeroporto de Lisboa
Desde 1969, que se discute a localização do novo aeroporto de Lisboa. São 52 anos de discussão que já passou por Rio Frio, pela OTA, por Alcochete e pelo Montijo. Passado mais de meio século, ainda não há decisão. Portugal no seu melhor.