Para D. Ribeiro, de um Polícia intolerante!
Na sequência da Carta do Leitor publicada na edição de quarta-feira, dia 3 de fevereiro de 2021, do Diário de Notícias da Madeira, assinada por D. Ribeiro, intitulada “A intolerância das Autoridades de Trânsito”, é importante esclarecer o seguinte:
No conteúdo da missiva, em si mesmo, o cidadão D. Ribeiro diz pouco. Impressiona como foi infeliz a sua abordagem sobre as atuações dos polícias, especialmente sobre os profissionais da Esquadra de Trânsito. O texto mostra a sua completa falta de conhecimento, que expressa opiniões estereotipadas sobre a polícia. Lamentável que um texto de péssima qualidade tenha sido publicado num diário como este. O que me deixa perplexo!
Mas deixe-me que eu tenha para consigo a elegância que dispensou de ter com os meus colegas profissionais de polícia. Permita-me comentar a sua carta. Não vendo nela nenhuma contestação séria, no que em seu entender são os horrores que os polícias de trânsito fazem no seu dia-a-dia, vejo sim uma propaganda e campanha contra os polícias advindo de alguém ressabiado e nada ou muito pouco cumpridor das regras rodoviárias.
Desculpe tratá-lo pelo nome, mas palavras como "Caro", "Exmo." e "Senhor" têm, para mim, uma conotação de algum respeito e, como compreenderá, não me sinto capaz de as utilizar consigo. É que nós, polícias, se há característica que temos é honestidade e franqueza de carácter. Espero que isso não o incomode também.
Certamente não me conhece e eu, depois de ter conhecimento da sua carta, dou Graças a Deus por não ter tido o infortúnio de algum dia falar consigo.
Permita-me brevemente que me apresente: sou um profissional da PSP e simultaneamente exerço o cargo de dirigente sindical e os profissionais do trânsito que ofende verbalmente, e que os acusa de perseguidores, intolerantes, salazaristas e antipáticos, a sua grande maioria são sócios do maior sindicato da PSP, e que de forma orgulhosa honram os distintivos e usam uma farda da mais importante Força de Segurança em Portugal, a PSP.
E havendo quem diga que não somos assim tão maus, mal-educados e intolerantes, nesta parte tem toda a razão – somos intolerantes. E sabe quando somos particularmente intolerantes? Quando assistimos a verdadeiros atentados de idiotice por parte de pessoas a quem é dado tempo de antena nas cartas do leitor. Como foi o seu caso.
Eu sei que provavelmente, como a grande maioria dos meus colegas de profissão, não somos abrangidos pelo seu conceito de pessoas evoluídas porque nunca pactuamos com pessoas transgressoras que não cumprem com as regras do código da estrada, que colocam os outros em perigo e não respeitem os seus direitos.
Percebemos isso e, será provavelmente uma falha grave nos nossos currículos profissionais. Mas já que é tão apreciador de rotular os polícias de mal feitores, permita-me o conselho de se recordar sempre desta imagem que todos (infelizmente) temos de si, antes de chamar os polícias de intolerantes. É que é medonho. Isso sim, simplesmente medonho...
E era isto que eu gostava de lhe dizer, e nada mais, porque a verdade é que não merece que estejamos tão revoltados com as palavras que proferiu e que mais não são do que sinónimo do seu desconhecimento do trabalho da polícia.
Resumindo, do seu apego a estereótipos ultrapassados e arcaicos (aqueles que teria interesse em ser o primeiro a criticar, digo eu), esses sim, devia de ter usado todos os meios e mecanismos legais ao seu alcance. Mas não, resolveu responder publicamente com uma carta, quando poderia tê-lo feito pessoalmente, por telefone, e-mail ou por carta pessoal, como qualquer pessoa dita normal.
E agradecemos muito um pedido de desculpas, mas em nada muda o que disse. E quem não se sente não é filho de boa gente. E de bons profissionais, acrescento eu!
Mas também não se preocupe muito com isso. Afinal sou apenas mais um polícia que catalogou como pessoa intolerante. E sabe que mais? Todos os dias agradeço por isso! Porque não condescendo com aqueles que não cumprem com a lei e com as regras de trânsito.