"Não há tecnologia para nos salvar da maldade humana", alerta Nuno Perry
"Não há tecnologia para nos salvar da maldade humana". As palavras são de Nuno Perry, especialista em segurança de informação que, desafiado pelo DIÁRIO, reagiu esta terça-feira, Dia da Internet Segura, à notícia do aumento na ordem dos 546% nos últimos dez anos - informação que pode aprofundar na edição de hoje do DIÁRIO.
É por isso que o investigador alerta para a sensibilização dos internautas e, sobretudo, para a urgência do utilizador de internet apurar o sentido crítico enquanto navega: "Temos de nos proteger e fazer como fazemos na rua, sem nos expormos aos perigos que percepcionamos. Temos de ser mais informados".
Isto, sobretudo, numa época em que o espaço virtual já quase se confunde com o físico, no sentido em que o homem divide o tempo entre ambos. Daí que não seja de espantar que os crimes aumentem, números que também encontrarão justificação num regulamento mais afinado da internet, ainda que muito ainda falte fazer: "É de 2009 o último diploma que enquadra esta área da cibercriminalidade. Já tem alguns anos mas veio dar um enquadramento devido a estas áreas, tornando mais fácil - tanto às autoridades de investigação criminal, como ao cidadão e às organizações - fazer queixa, enquadrar as situações, com a tipificação do crime. Agora, como sempre a legislação vem atrás do criminoso e há sempre necessidade de fazer ajustamentos", diz Nuno Perry, sem esquecer que foram feitas directivas, transposições e regulamentos ligados à cibersegurança e à protecção de dados pessoais ao longo dos anos.
O que Nuno Perry não descura é "o facto da evolução da tecnologia e a penetração da internet no dia a dia, em casa, nas relações sociais". E que além do número de incidências e crimes, vem também trazer a percepção deste novo espaço onde agora também estão as relações sociais que antes estavam resumidos aos espaços naturais, terrestres, aéreos, marítimos. Hoje, sublinha, as forças de segurança e de defesa agem para um novo espaço, criado para um homem artificial, mas que penetrou no dia a dia de tal forma que já não há um ciberespaço, "há simplesmente um espaço".
E tanto na economia, como nas administrações públicas, na vida pessoal, nas relações sociais, "é impossível viver sem se ele". É precisamente este novo lugar onde cresce, também, o conflito e os crimes, "uma vez que se violam direitos e liberdades de terceiros como já acontecia no mundo real".