África do Sul suspende vacinação com AstraZeneca por dúvidas na eficácia
A África do Sul anunciou hoje a suspensão temporária do seu programa de vacinação covid-19 após um estudo ter demonstrado uma eficácia "limitada" da vacina AstraZeneca/Oxford contra a variante do novo coronavírus detetada no país.
O programa de vacinação deveria começar nos próximos dias com um milhão de vacinas desenvolvidas pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. O estudo, realizado pela Universidade de Witwatersrand em Joanesburgo e ainda não revisto pelos pares, diz que esta vacina oferece "proteção limitada contra formas moderadas da doença causada pela variante detetada da África so Sul em adultos jovens". "Este é um problema temporário, temos de suspender as vacinas AstraZeneca/Oxford até termos resolvido estes problemas", disse o ministro da Saúde, Zweli Mkhize, numa conferência de imprensa 'online'. De acordo com os resultados preliminares, esta vacina é apenas 22% eficaz contra formas moderadas do vírus e ainda não estão disponíveis resultados sobre a sua eficácia contra formas graves.
A África do Sul, oficialmente o país mais afetado do continente, com mais de 1,5 milhões de casos e mais de 46.000 mortes atribuídas a covid-19, recebeu o seu primeiro carregamento de um milhão de vacinas na segunda-feira. Espera-se a entrega de 500.000 doses adicionais em fevereiro. Todas estas são vacinas AstraZeneca/Oxford produzidas pelo Sérum Instituto da Índia. Estas primeiras doses destinavam-se principalmente aos 1,2 milhões de profissionais de saúde. "Nas próximas quatro semanas, teremos as vacinas Johnson & Johnson e Pfizer", disse Mkhize. Estão também em curso discussões com outros laboratórios, incluindo o da Moderna e o fabricante russo das vacinas Sputnik V, acrescentou.
O ministro sul-africano anunciou recentemente que tinha reservado 20 milhões de vacinas Pfizer/BioNTech. As 1,5 milhões de vacinas Astrazeneca/Oxford obtidas pela África do Sul, que expirarão em abril, serão mantidas até que os cientistas deem indicações claras sobre a sua utilização, explicou. "A segunda geração de vacinas para combater todas as variantes levará mais tempo a produzir", avisou o Salim Abdool Karim, epidemiologista e co-presidente do comité científico do departamento de Saúde da África do Sul.
A África do Sul planeia vacinar pelo menos 67% da população até ao final do ano, ou cerca de 40 milhões de pessoas.
A vacina AstraZeneca/Oxford foi aprovada por vários países, mas alguns, incluindo mais de uma dezena de europeus, preferiram recomendá-la apenas para pessoas com menos de 65 anos de idade, devido à falta de dados sobre a eficácia em pessoas mais velhas.