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"Se queremos crescer, temos de mudar agora"

Apelo de Adolfo Mesquita Nunes , que contesta a liderança do actual líder do CDS-PP

Foto Arquivo/Maria João Gala/Global Imagens
Foto Arquivo/Maria João Gala/Global Imagens

O antigo vice-presidente do CDS-PP, e anunciado candidato à liderança caso se realize um congresso, Adolfo Mesquita Nunes, defendeu hoje que o partido tem de "mudar agora" para poder crescer, e recusou ter abandonado o partido.

"Se queremos voltar a crescer, temos de mudar agora, temos de saber o espaço que é o nosso e ocupá-lo", afirmou o dirigente na reunião do Conselho Nacional, que está a acontecer por videoconferência e dura há oito horas.

Numa intervenção depois de ter abandonado os trabalhos em discordância com o presidente da mesa, e ter voltado cerca de hora e meia depois, o antigo vice-presidente advogou que "o CDS tem de focar-se em duas coisas fundamentais".

"Como é que pomos a economia a crescer, criando riqueza para famílias e empresas, e como é que o conseguimos fazer sem deixar ninguém para trás, apoiando quem precisa", precisou.

Para vingar nas eleições autárquicas deste ano, prosseguiu, o partido precisa de "mudar a imagem de declínio", e "é isso que gostava de apresentar se houver um congresso".

Entre as propostas que apresentou aos conselheiros nacionais, Adolfo Mesquita Nunes defendeu também que, para resolver "a situação financeira difícil", é necessária "uma liderança credível, com uma equipa experiente e um clima financeiro capaz de gerar confiança".

"Se queremos resolver as guerras internas, que são muitas, precisamos de uma direção que olhe para o país, porque as guerras internas só se vencem quando o projeto é motivador para fora", acrescentou, apontando também que o CDS deve "comunicar melhor", ter "mais motivação" e "melhores ideias" do que os "partidos emergentes", como o Chega e a Iniciativa Liberal.

Mesquita Nunes considerou ainda que, "se a seguir às autárquicas o Governo cair", o CDS "já tem de ter uma nova força e uma nova ambição", ou caso contrário será "arrastado pelo fulgor dos novos partidos ou pela pressão no voto útil no PSD".

"Não posso nem vou fazer isto sozinho", destacou, indicando que trará para o seu projeto "gente nova, gente que acredita que o CDS faz falta", mas ressalvando que precisa do apoio "de todos os que aqui estão" e também dos que "nunca estiveram" ao seu lado.

Em resposta ao presidente do partido, que interveio uns minutos antes, Adolfo Mesquita Nunes defendeu que "nunca" abandonou o CDS-PP.

No que toca ao facto de o congresso antecipado que defendeu ter de se realizar 'online', devido à pandemia, o antigo deputado questionou os conselheiros se "acham mesmo que o obstáculo à mudança é o facto de o congresso ser digital, como tantos que se organizam por aí".

"Nós precisamos de mudar agora, porque podemos tocar a rebate agora e surgir como fator de novidade já para estas autárquicas, com uma nova equipa, com um discurso mais focado, com capacidade de chegar às pessoas", insistiu.

Anunciando que vai votar contra a moção de confiança, Mesquita Nunes ressalvou ainda que não sabe "em que direção estaria a confiar porque se demitiram membros atrás de membros".

Cerca de 250 membros do Conselho Nacional do CDS-PP estão reunidos desde as 12:10, por videoconferência, para discutir e votar uma moção de confiança à Comissão Política Nacional apresentada pelo líder, Francisco Rodrigues dos Santos, depois de Adolfo Mesquita Nunes ter proposto a realização de um congresso eletivo antecipado (antes das autárquicas) e ter anunciado que será candidato à liderança caso essa reunião magna aconteça.

Os trabalhos arrancaram à porta fechada, mas foram abertos aos jornalistas a partir das 15:45, após decisão do Conselho Nacional, estando a comunicação social a acompanhar a reunião na sede do CDS, em Lisboa, através de uma televisão.

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