Guaidó confia no apoio do Panamá após retirada de acreditações diplomáticas
A equipa do líder opositor Juan Guaidó enviou uma carta ao presidente panamiano Laurentino Cortizo, manifestando confiar no seu apoio, um dia depois de o Panamá retirar as acreditações de Fabiola Zavarce como embaixadora da oposição venezuelana nesse país.
"Estamos persuadidos que você, Presidente Laurentino Cortizo e o povo do Panamá continuarão apoiando os venezuelanos na recuperação da democracia", explica a carta endereçada à ministra de Relações Exteriores panamiana, Erika Mouynes.
O documento, cuja cópia foi divulgada em Caracas pelo representante da oposição em matéria de relações externas, Júlio Borges, explica que "hoje, mais do que nunca, é importante o decidido apoio da comunidade internacional" para que "o regime de Nicolás Maduro dê passo à democracia na Venezuela".
"Entendemos esta ação como uma decisão soberana do seu Governo e nesse sentido a respeitamos. Confiamos que será só um câmbio de forma no apoio ao povo venezuelano que atualmente passa por um dos piores momentos da sua história, produto de um regime ditatorial que destruiu as liberdades e causou a pior catástrofe humanitária, com mais de 5 milhões de refugiados", explica.
No documento a oposição diz ainda que o "Panamá pode confiar na solidariedade do povo venezuelano, como tem sido demonstrado historicamente, na recuperação da soberania do Canal do Panamá, nos esforços de ambos países pela pacificação e democratização da América Central, através do Grupo Contadora e em programas de cooperação energética para os países centro-americanos como o Acordo de São José, impulsado pela Venezuela".
Quinta-feira, o Ministério de Relações Exteriores do Panamá, emitiu uma "nota circular" informando que "se solicitou à senhora Fabiola Zavarce, a devolução formas das credenciais diplomáticas que a acreditavam como embaixadora" da Venezuela no Panamá.
O Panamá é um dos mais de 50 países que reconhecem o líder opositor venezuelano Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
A 05 de janeiro último o Ministério de Relações Exteriores do Panamá emitiu um comunicado "renovando" o "compromisso com todas as forças políticas e setores da sociedade venezuelana", incluindo os integrantes da Assembleia Nacional eleita em 2015.
O comunicado foi emitido depois de o novo parlamento (composto pelos deputados eleitos a 06 de dezembro, numas eleições que a oposição não participou, por considerar fraudulentas) tomar posse.
"A posição do Panamá, que guarda estrita relação com as circunstâncias atuais da complexa crise venezuelana, por uma parte, e os princípios do Direito Internacional, por outras, não pode ser interpretada como um reconhecimento à legitimidade do regime de Nicolás Maduro", explica esse comunicado.
A crise política, económica e social venezuelana agravou-se desde janeiro de 2019, quando o então presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou assumir publicamente as funções de presidente interino da Venezuela até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.