Madeira

Pedro Coelho questiona se tudo foi feito para salvar pesca da gata

É a segunda má notícia de Bruxelas, que vetou também a renovação da frota de pesca

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Foto Arquivo

É a notícia que não queria. O presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos classifica de “momento triste” para o concelho, em particular para a freguesia de Câmara de lobos, este que vive hoje com a decisão da Comissão Europeia de proibir por um período de dois anos a captura, transporte e descarga de gata na Madeira, também conhecida como ‘xara’, ‘sapata’ ou bacalhau de Câmara de Lobos. A má notícia não veio só e o chumbo dos apoios à construção de novas embarcações para renovar a frota pesqueira coloca em causa o futuro da actividade no concelho, alerta o autarca.

Pedro Coelho recorda que a gata, pequena espécie de tubarão de profundidade, “faz parte da identidade deste povo”, facto que é mais importante do que a perda de rendimentos que a medida possa representar para os pescadores. E questiona se foi feito tudo o que podia ter sido feito, em particular um estudo para averiguar se a continuidade da espécie está assegurada nos mares da Madeira, um documento científico que pudesse servir de argumento para estender a excepção e manter a possibilidade de captura de pelo menos as seis toneladas anuais na Região. “Pelas palavras do secretário não foi feito esse estudo”, concluiu o presidente da Câmara, tendo por base a notícia hoje em manchete no DIÁRIO, em que Teófilo Cunha afirmou ‘Ao contrário do que pretende a União Europeia, a proibição vai impedir o estudo e conhecimento científico da espécie e, portanto, o seu estado de conservação nas nossas águas’. Pedro Coelho questiona porque não foi feito antes e pede: “Se esta situação é reversível, durante estes dois anos façamos esse estudo para comprovar, nós somos os principais interessados, para comprovar a Bruxelas que a espécie não está em risco”.

Bruxelas proíbe captura de peixe ‘Gata’

Estes são os destaques da edição impressa desta sexta-feira

Andreia Dias Ferro , 05 Fevereiro 2021 - 07:00

A informação que o autarca recebeu dos pescadores é de que esta é uma pesca residual, que vem por arrasto à da espada e quer acreditar que a Região e o país fizeram o que estava ao seu alcance para impedir que a decisão fosse tomada, ainda que não tenham tido sucesso. “Eu não tenho dados para dizer que tudo foi feito, acredito que sim, mas era importante eu ter esses dados”.

O edil debateu há cerca de dois anos o tema com os deputados europeus que estiveram em visita à Madeira e ao concelho, tendo na altura defendido a realização desse levantamento que provasse que a sobrevivência da gata não estava em causa. “É preciso fazer alguma coisa”, alertou, confessando que não percebe a decisão de Bruxelas.

O presidente da Câmara assume que o problema preocupa a autarquia, como o preocupa também o veto de Bruxelas ao apoio à construção de novas embarcações. “Mais uma vez é um revés para a classe piscatória de Câmara de Lobos”, disse, lamentando a decisão da Comunidade Europeia de não aprovar a renovação da frota. “Temos embarcações já com muitos anos de vida útil. Acredito que a se manter o actual cenário, durante os próximos anos teremos muita dificuldade em manter as actuais embarcações, porque tudo na vida, todos os equipamentos têm uma vida útil”. A construção de novas embarcações foi vetada por Bruxelas, o que é possível é aquisição de equipamentos para o interior dos barcos, na área da segurança, sistemas de frio e tecnologia. “Mas não se pode fazer alterações estruturais às embarcações nem construir novas. E agora com a proibição captura, na prática não vai haver proibição, o peixe vai ser lançado ao mar. E eu não sei se tudo foi feito”. Segundo Pedro Coelho, a Região não deve desistir.

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