Madeira

Marcelo adivinhou há 10 anos saída de Jardim e sucesso efémero de Coelho

No 'Canal Memória' de hoje recorde as notícias que tiveram destaque na edição impressa do DIÁRIO de 5 de Fevereiro de 2011

Foto Joana Sousa/Aspress
Foto Joana Sousa/Aspress

Na edição do DIÁRIO de 5 de Fevereiro de 2011, Marcelo Rebelo de Sousa analisava as incidências do bom resultado que José Manuel Coelho alcançara nas eleições presidenciais realizadas duas semanas antes (39% dos votos no círculo da Madeira, logo atrás de Cavaco Silva com 44%). O Professor de Direito e, na altura, comentador político acreditava que a projecção política do deputado do PND não colocava em perigo a vitória dos social-democratas nas eleições regionais que se realizariam em Outubro de 2011 mas previa que seria o último mandato de Alberto João Jardim na Quinta Vigia e o fim da sua liderança no PSD-Madeira.

“Acho que não põe em risco a vitória, quer do PSD, quer de Alberto João Jardim, nem até uma dimensão apreciável dessa vitória”, disse. Isto porque para Marcelo “as pessoas têm a noção de que estão a eleger um Governo e que ao eleger um Governo não se brinca em serviço”. “Há problemas de experiência, de conhecimento e de capacidade de gestão”, explicava para justificar que os madeirenses estavam sem opções. “Isso implica a escolha de Alberto João Jardim”, afirmou. O professor também estava convencido de que o líder histórico do PSD estava de saída: “Este será o último mandato de Alberto João Jardim. Tenho para mim que poderia ter sido o anterior, se não tivesse acontecido o que aconteceu há um ano [aluvião de 20 de Fevereiro de 2010] e que foi isso que o levou a sentir a responsabilidade acrescida de se recandidatar a um novo mandato. Mas esta é realmente a última oportunidade de um mandato para concluir, por razões de idade e até por razões de percurso ao longo do tempo”. Quanto à solução para os destinos laranja na Região pós-Jardim, Marcelo não arriscava em previsões: “O PSD tem mais quatro anos para pensar nisso”.

Quanto às possibilidades futuras de José Manuel Coelho, Marcelo Rebelo de Sousa considerava que não poderia haver uma extrapolação dos resultados nas eleições presidenciais na Madeira para as eleições regionais de Outubro de 2011. O Professor só antevia algum sucesso ao deputado do PND se fossem “muito fracas as alternativas da oposição, nomeadamente o PS”. O comentador até equacionava a hipótese do candidato presidencial madeirense vir a aparecer nas listas do PS. “Admito que se as oposições forem muito fracas, haja algum capital ganho nas eleições que possa levar a uma votação em José Manuel Coelho, que normalmente não teria. Tudo depende muito da divisão dos partidos da oposição, dos nomes que apresentarem, das propostas que apresentarem. Se houver alguém, que, por exemplo no PS, possa prefigurar uma alternativa de Governo, merece uma posição forte na Assembleia Legislativa Regional. Se não houver então é quem faz mais barulho, ou seja, José Manuel Coelho”, admitia.

Numa análise retrospectiva, Marcelo Rebelo de Sousa acertou nas duas previsões feitas em 2011. Alberto João Jardim veio a cumprir efectivamente o seu último mandato, deixando a liderança do PSD e a presidência do Governo em 2015, e o sucesso político de José Manuel Coelho foi limitado e algo efémero. Antes das eleições de Outubro de 2011 trocou o PND pelo PTP e nesse escrutínio cresceu na votação, elegendo três deputados. Mas não constituiu uma ameaça à governação social-democrata, já que o PSD continuou a ter a maioria absoluta no parlamento regional. Nas eleições regionais de 2015 o PTP integrou uma coligação liderada pelo PS e apenas elegeu um deputado. Nas eleições de 2019 ficou fora do parlamento.

Descarregue aqui a primeira página e a página 18 do DIÁRIO de 5 de Fevereiro de 2011.

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