Em 3D
O Primeiro Ministro (PM) em entrevista à TVI24 tentou justificar o falhanço na contenção da 3ª vaga da pandemia ao alegar desconhecer uma realidade que foi do conhecimento público mais de 1 semana antes do Natal, evidenciando assim ou uma preocupante “anestesia” em face da evolução da pandemia ou então, mais verosímil, uma não menos preocupante incapacidade de tomar em “tempo útil” as decisões necessárias para contê-la. Em 14Dez o Ministro da Saúde do Reino Unido (RU) tornou pública a descoberta de uma variante mais contagiosa do vírus da qual já notificara a OMS e que a mesma já se disseminara noutros países, o que levou Londres nessa mesma data a impor o grau mais alto de restrições sanitárias e o fecho imediato das escolas previsto só para daí a 1 semana. Ao afirmar não ter tido conhecimento em “tempo útil” de que a variante “inglesa” já chegara a Portugal e que por isso permitiu o relaxamento das medidas de confinamento no Natal, ao invés de vários países como a Alemanha e o próprio RU, o PM procurou distorcer os factos para se desresponsabilizar perante os portugueses. O Governo foi incapaz ao longo do último ano de criar uma estrutura capaz de fornecer em “tempo útil” os dados corretos relativos à pandemia, falhando nomeadamente nos inquéritos epidemiológicos, com os peritos a estimar um número de infeções 3 vezes superior ao reportado. As projeções apontavam desde muito antes do Natal para um forte recrudescimento da pandemia no País neste Inverno. De país “modelo” há 1 ano no controle da pandemia passámos ao oposto. A “variante” responsável pela nossa atual situação crítica não foi a “inglesa” como afirmou o PM, mas sim uma variante bem portuguesa que resultou por um lado da nossa própria irresponsabilidade ao descurar as medidas sanitárias e por outro do facto de o PM, talvez fruto da “anestesia”, não ter sido capaz de tomar as medidas que se impunham. DESCONHECER, DISTORCER e DESRESPONSABILIZAR eis a pseudo-justificação em 3D do PM na dita entrevista.
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