Orgulhosamente sós!
Certo dia Salazar no decorrer de um discurso proferiu a célebre frase “orgulhosamente sós”.
Frase essa que foi (bem) aproveitada pelos seus opositores políticos de então, e corroborada pelos de hoje, sempre que queriam ou querem criticar o seu comportamento de isolamento quer em relação à Europa, á guerra no ultramar e a outras posições tomadas por ele nessa altura.
Críticas nem todas elas ajustadas, mas isso são contas de outro rosário.
Ele morreu – Há cinquenta anos! – mas esse defeito parece ter ficado eternamente entre nós.
Pelo menos é o que parece, ao só agora ser aceite a ajuda de países amigos relativamente ao combate à pandemia que alastra de norte a sul do País.
Só depois de se registar centenas de mortes por dia, milhares de infeções e se instalar o caos nos hospitais e presumível descontrole nos serviços de saúde é que, finalmente, alguém se dignou autorizar a vinda de auxílio exterior para o combate desta tragédia nacional.
É pena, é triste, mas não nos surpreende, pois desde há muito tempo vimos assistindo a comportamentos a vários níveis, semelhantes aos verificados no passado.
As pessoas – excetuando os enfermos do “partidarismo agudo” – veem, sentem e sofrem em silêncio as consequências dessas ações ou atitudes e só por vezes reagem nos atos eleitorais através da abstenção.
Porém, no último ato eleitoral, foram mais além, não só mantiveram mais ou menos os níveis de abstenção, como votaram em alguém que fez abalar os privilegiados e bem instalados do regime, desde a esquerda ao centro-direita.
Quinhentos mil votos numas Legislativas dariam para eleger muitos deputados e numas autárquicas uma “excursão” de Presidentes de Camara e de Juntas de Freguesia.
Que este “cartão “amarelo/avermelhado sacuda estas cabeças que pensam que podem fazer ou permitir tudo o que quer que seja ao longo dos seus mandatos ou no desempenho de outras funções politico ou partidárias e que, depois, lhes basta “aterrorizar” o eleitorado com a “lembrança do passado” para continuarem nos “poleiros”.
Lá foi o tempo que bastava autoproclamar-se antifascista para o povo render-se a seus pés, chegarem ao pódio dos partidos, ser-lhes abertas as portas dos governos, das Assembleias e das autarquias.
Hoje, o que se apresente como antifascista arrisca-se a cair no ridículo, porque as pessoas têm a consciência de que não são SÓ ELES os antifascistas, mas a esmagadora MAIORIA do povo português!
Maioria essa que, é também anti hipocrisia, anti golpismo, anti oportunismo e anti muitas outras pragas vindas já do passado e que, infelizmente, a Revolução não só não acabou como permitiu que proliferasse por tudo quanto é canto neste país.
E desta vez não pela imposição de uma ditadura, mas à sombra de uma Democracia, de um Socialismo e de uma Liberdade.
Tristeza que corrói a alma e o coração daqueles que um dia acreditaram que poderiam ter um Portugal mais justo, mais humano, mais próspero, um Portugal para todos os portugueses.
E o País teve todos os meios para que isso acontecesse!
Juvenal Pereira