Pandemia leva hospitais a produzirem mais 31% de resíduos com risco biológico
A pandemia levou os hospitais portugueses a produzirem em 2020 mais 31% de resíduos com risco biológico do que no ano anterior, maioritariamente equipamentos de proteção individual e material médico de tratamento de doentes de covid-19.
"A pandemia trouxe um acréscimo de produção deste tipo de resíduos hospitalares, com particular incidência nos resíduos do grupo III" classificados como de risco biológico e potencialmente contaminados, adiantou hoje à Lusa o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH), que avançou que estes 31% referem-se a um "aumento de produção na ordem de grandeza das 2.500 toneladas".
Os resíduos produzidos pelas unidades de saúde estão classificados em quatro níveis: de grupo I, equiparados a resíduos urbanos e sem exigências especiais de tratamento; de grupo II, considerados não perigosos, caso de embalagens vazias de medicamentos; de grupo III, com risco biológico e de contaminação; e de grupo IV, os mais perigosos e que obrigam especificamente à incineração.
"O SUCH, em 2020, registou um crescimento de 31%, em comparação a 2019, no encaminhamento das quantidades recolhidas do Grupo III oriundas dos serviços produtores hospitalares", adiantou a entidade que presta serviços em várias áreas que são comuns aos hospitais.
Segundo a mesma fonte, os resíduos produzidos são, na sua grande maioria, de equipamentos de proteção individual que os profissionais de saúde utilizam nas suas funções, assim como dispositivos médicos descartáveis usados no tratamento de doentes por covid-19, material que apresenta um risco infeccioso.
Este tipo de material, apesar de ter um peso reduzido, implica um grande volume ao nível da respetiva contentorização, adiantou ainda o SUCH, que, através da sua unidade de gestão e tratamento, procede à recolha dos resíduos nos hospitais, ao seu tratamento e ao transporte para o destino final.
O SUCH garante ainda que os resíduos hospitalares do grupo III recolhidos nos hospitais são sujeitos a um tratamento físico ou químico, como a autoclavagem (desinfeção a altas temperaturas), micro-ondas e desinfeção química.
Na autoclavagem, são utilizados esterilizadores a vapor para tratamento de resíduos, que efetuam um ciclo de descontaminação do risco biológico, que inclui as fases de pré-vácuo, aquecimento, esterilização, descompressão, secagem e arejamento.
"Após o respetivo tratamento, os resíduos são sujeitos a um processo de descaracterização e, posteriormente, encaminhados para a deposição em aterro devidamente licenciado", refere o SUCH.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.253.813 mortos resultantes de mais de 103,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 13.257 pessoas dos 740.944 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.