Madeira

"Eu acho que se morre mais de covid"

Liga anuncia amanhã novo serviço para doentes oncológicos na Madeira

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Foto Arquivo

Ricardo Sousa crê que se morre mais de covid-19 do que de cancro, embora “infelizmente os números têm vindo a aumentar”, afirmou o presidente do Núcleo Regional Madeira da Liga Portuguesa Contra o Cancro, que promete para amanhã o anúncio de uma novo serviço criado para os doentes oncológicos, precisamente no dia em que se assinala a luta contra esta que é considerada a segunda causa de morte em todo o Mundo. A medida, adiantou, vai tornar a Liga mais próxima do doente, “vai fazer com que ele se sinta mais à-vontade. A partir da sua casa, no conforto da sua casa possa ter acesso a uma série de serviços”.

Muito se tem falado sobre a possibilidade de estarem a morrer pessoas porque não procuram ajuda médica neste contexto de pandemia. “Não consigo dizer-lhe neste momento que o doente oncológico esteja mais propenso a morrer por causa da covid”, assumiu o dirigente regional. “Aquilo que eu tenho conhecimento, e isso desde o início de Março, é que as pessoas resguardam-se mais em casa e têm algum receio, evitam ir para o hospital, para o centro de saúde. É perfeitamente normal.” E vai mais longe: “Hoje, e com esta pandemia, os locais menos recomendáveis para ir neste momento são os hospitais e centros de saúde”, disse, recordando que são precisos cuidados redobrados nos tratamentos e consultas. No seu entender, as consultas feitas à distância são uma opção acertada tendo em conta a covid-19.

O trabalho da Liga, destaca o representante, tem sido precisamente no sentido de proteger estes doentes com sistemas imunitários mais debilitados de um possível contágio com o novo coronavírus, nomeadamente através de um voluntariado de proximidade e da distribuição da medicação, num trabalho articulado com a farmácia do hospital. “Este vírus é oportunista e se apanha uma pessoa que esteja mais frágil, de certeza vai trazer-lhe muitas complicações”. Diariamente entregam a medicação a 20, 25 pessoas.

Ricardo Sousa não consegue dizer quantas pessoas morrem de cancro por ano na Madeira. Acredita que estará em linha com o resto do mundo. “É uma das principais causas de morte, o cancro, por isso é que é uma doença tão badalada”.

O presidente da Liga lembra que se fala muito dos números da morte para sublinhar que há “cada vez mais pessoas a viver e a sobreviver”. Neste momento e em alguns casos já é uma doença crónica. “O que significa que nós podemos viver com alguma ou muita qualidade de vida e vir a morrer de outra doença que não o cancro que a acompanhou durante anos”.

Esta percentagem de sobrevivência depende do tipo de cancro. Se for da mama, exemplifica, “a percentagem é muito pouca das pessoas que morrem. Se for outro tipo de cancro, do pulmão ou de outro… já é mais difícil”.

Segundo Ricardo Silva, “o número de pessoas que está a vencer o cancro é cada vez maior. É isto que nós temos de nos agarrar”. E alerta para a importância da prevenção.

Este ano a Liga a nível nacional lançou a quarta edição do Guia dos Direitos Gerais do Doente Oncológico, pela primeira vez com um capítulo dedicado à Madeira. O exemplar em papel pode ser levantado na sede da Liga na Madeira, em formato digital pode ser descarregado no site da Liga. Este guia compila toda a legislação e direitos associados. Ali encontra os direitos gerais no sistema de Saúde e Segurança Social, os benefícios fiscais e regime laboral, assim como legislação específica das regiões autónomas e as medidas excepcionais e temporárias relativas à pandemia. https://www.ligacontracancro.pt/www/uploads/sede/guia-direitos-doente/guia-direitos-gerais-doente-oncologico-2020-81.pdf.

No capítulo da Madeira estão informações relativas ao cuidador informal, direitos e deveres do utente, taxas moderadoras, despesas de deslocação, imobiliário, educação, segurança social e produtos de apoio.

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