Madeira

Agricultura biológica é lucrativa se for vendida directamente ao consumidor

Produtor diz que “há muitas pessoas que preferem gastar dinheiro nuns óculos de sol ou no telemóvel do que na saúde”

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A agricultura biológica dá lucro se a venda dos produtos for essencialmente feita directamente ao consumidor e não passar por intermediários. A convicção é de Valter Miranda, um jovem agricultor que em sociedade com Pedro Trindade, apostaram numa exploração agrícola dedicada à produção de hortícolas e frutícolas em modo de produção biológica.

“Se a venda for directa [ao consumir], poderá ser rentável. Se for a vender através de intermediários – não tenho nada contra – a margem [de lucro] é menor”, ou seja “o biológico para ser mesmo rentável terá que ser uma venda directa”, conclui.

Já no que diz respeito ao reconhecimento dos consumidores pelo valor acrescentado dos produtos Bio, Valter Miranda é da opinião que ainda “há muitas pessoas que preferem gastar dinheiro nuns óculos de sol ou no telemóvel do que na saúde”, faz esta apreciação por entender que comprar produtos da agricultura biológica “é investir na saúde”. Isto porque é da opinião que a acumulação dos químicos na agricultura convencional “têm efeitos nocivos na saúde”. Reconhece porém que há pessoas que não têm poder de compra para adquirir produtos Bio, mas também tem plena convicção que “há muitas pessoas que têm poder de compra e mesmo assim não estão viradas para aí (biológico)”. Admite que seja por “falta de cultura”, uma realidade que admite estar a mudar, porque “as novas gerações estão mais despertas” para o consumo de produtos biológicos, além de notar que também “há cada vez mais procura” pelos produtos produzidos de forma mais sustentável.

Os dois jovens empresários agrícolas criaram a empresa Miranda & Trindade Lda, que explora uma área com cerca de 10.660 metros quadrados, na freguesia de Santo António, onde produz banana, anona, maracujá, abacate, tangerina e hortícolas diversos.

Este sábado a exploração agrícola foi visita pelo presidente do Governo Regional. Miguel Albuquerque além de ter tido a oportunidade de saborear alguns dos produtos Bio, aproveitou a ocasião para reafirmar que “a agricultura biológica é uma actividade em expansão” e que “tem futuro” porque há “maior consciência relativamente à qualidade dos produtos”.

Sendo este um “mercado em crescimento na Madeira”, apontou o exemplo da banana biológica, que além de ser “mais bem paga”, está também a ser exportada “com valor acrescentado” para a GESBA.

O investimento hoje visitado ascendeu a 153 mil euros, tendo beneficiado de mais de 117 mil euros de apoios do PRODERAM, na sequência de quatro candidaturas, enquadradas nas medidas Apoio ao Investimento de Grande Dimensão, Ajuda ao Arranque da Actividade, Regime de Modo de Produção Biológico e ainda apoio à reconstrução de Muros de Pedra.

Valter e Pedro querem também tirar partido da posição geográfica da exploração que apelidam de “o campo na cidade” para quando a pandemia permitir, abrir a propriedade a visitantes, numa lógica de quinta onde as pessoas possam contactar directamente com a agricultura e apreciar a paisagem beneficiando da “calma e a tranquilidade dentro da cidade”.

Para já a predomina a produção de banana, com uma produção mensal a rondar os 500 quilos, mas com o objectivo de duplicar “rapidamente” e continuar a crescer até quadruplicar a actual produção. Com alguns hortícolas e a começar no maracujá, estão presentes no mercadinho biológico, às quarta-feiras de manhã, e criaram um grupo no Whatsapp onde, uma vez por semana, colocam lista com os produtos disponíveis, que variam consoante a época.

Além dos dois sócios, a empresa conta com um terceiro colaborador.