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China e Índia estabelecem "linha directa" para lidar com conflitos na fronteira

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Os ministros dos Negócios Estrangeiros da China e da Índia estabeleceram uma "linha direta" para lidar com discrepâncias em áreas disputadas na fronteira entre os dois países, onde em junho ocorreu o maior confronto em 45 anos.

Segundo o ministério dos Negócios Estrangeiros da China, o ministro Wang Yi e o homólogo indiano, S. Jaishankar, concordaram em estabelecer um mecanismo de diálogo, depois de os dois países confirmarem a retirada completa de todas as tropas localizadas nas áreas disputadas.

Wang repreendeu Nova Deli por ter "mudado" a sua política em relação às fronteiras, o que "interrompeu" a cooperação entre os dois países, mas pediu-lhe para consolidar os resultados obtidos até à data e melhorar os mecanismos de negociação no futuro.

"É necessário abandonar o tortuoso caminho da suspeita", disse Wang. "As disputas fronteiriças são uma realidade e devem ser levadas a sério. Devemos ir passo a passo na direção certa".

Jaishankar, citado no mesmo comunicado, indicou que a Índia espera manter a paz na área fronteiriça e que as relações bilaterais voltem ao normal o "mais rápido possível".

Em 22 de fevereiro, os dois países confirmaram a retirada completa de todas as tropas localizadas na área do Lago Pangong, após uma reunião entre os comandantes dos dois Exércitos, que "avaliaram positivamente o fim tranquilo da retirada das tropas".

Segundo as autoridades, a desaceleração das tensões naquela área representa uma "boa base" para a resolução de outras disputas fronteiriças ao longo da zona oeste da chamada Linha Real de Controlo (LAC), que separa China e Índia em áreas onde têm reivindicações territoriais.

A Índia anunciou no dia 11 de fevereiro o início do processo de retirada das tropas da região, onde há cerca de oito meses houve um confronto entre soldados, com recurso a paus e pedras.

Nova Deli registou 20 mortos e 76 feridos, enquanto Pequim reconheceu quatro mortos e um ferido grave entre os seus soldados.

Os dois países reagiram com o reforço da sua presença militar na ALC, enquanto tentaram resolver a crise por via diplomática, dando lugar a meses de negociações, que finalmente se cristalizaram num acordo para travar o escalar de tensões de forma "gradual, coordenada e verificada".