208 detidos faleceram nos calabouços policiais venezuelanos em 2020
Em 2020, 208 detidos faleceram nos calabouços policiais da Venezuela, segundo dados do último relatório da ONG "Una Ventana a la Libertad" (UVL, Uma Janela à Liberdade), divulgados hoje.
"208 detidos morreram nos calabouços da polícia, em 19 Estados da Venezuela, durante 2020", explica o "Relatório Anual dos Centros de Detenção Preventiva da Venezuela".
Segundo o relatório, "a principal causa de morte da população prisional detida em Centros de Detenção Preventiva (CDP) foram as doenças, com um total de 143 mortes (68,75%)".
"Em segundo lugar, encontrámos as mortes por fuga (42, 20,19%), relacionadas com o processo de recaptura que os funcionários sempre referem como enfrentamento [confronto]", explica.
A UVL precisa ainda que 15 detidos faleceram durante rixas, cinco em motins e outros três por outras casas".
"À crise humanitária complexa no país, somou-se a pandemia da covid-19, e as condições caóticas do sistema de saúde agudizaram", explica.
Segundo o relatório a principal causa das mortes registadas foi a tuberculose (91 casos), seguindo-se, a desnutrição (13), os problemas respiratórios (12) e cardíacos (oito).
Cinco mortes foram atribuídos a "tuberculose com desnutrição", em simultâneo, segundo o relatório que afirma que "a tuberculose é a verdadeira pandemia" nos CDP.
O documento explica ainda que os CDP "se converteram em novos cárceres do século XXI" e que a "sobrevivência" dos presos, depende dos familiares que, "apesar das limitações da quarentena, da falta de combustível e de dinheiro para mobilizar-se nos transportes públicos" fazem "o que podem para levar-lhes alimentos".
Também que o número de Centros de Detenção Preventiva "com problemas de superlotação aumentou de 207 para 221" em finais de 2020, "atingindo 80,95% das 273 monitorizadas em 19 Estados do país".
"Confirmou-se que 22.469 homens e 1.749 mulheres estavam detidos nesses espaços (...) quando os lugares totais disponíveis eram de 7.457", explica.
Segundo o relatório "estes espaços acumulam homens, mulheres e inclusive adolescentes, muitos dos quais têm anos há espera de ser transferidos para um 'centro penitenciário' (cadeia) e alguns até cumprem o tempo da sentença (condena) nos CDP".
"O uso e abuso destas celas como prisões de longa permanência é uma violação de cada um dos detidos. Mais de 60% das mortes registadas nestes reténs policiais, foram devido a doenças evitáveis ??e tratáveis. O Estado venezuelano é que pode resolver o caos que leva cada vez mais venezuelanos à morte nos Centros de Detenção Preventiva", afirma.
Para a elaboração do relatório a UVL monitorizou os CDP dos Estados venezuelanos de Amazonas, Apure, Anzoátegui, Arágua, Bolívar, Carabobo, do Distrito Capital e da Área Metropolitana de Caracas.
Também de Falcón, Lara, Mérida, Miranda, Monágas, Nova Esparta, Portuguesa, Sucre, Táchira, Vargas e Zúlia.