Galp teve prejuízos de 42 milhões em 2020
A Galp teve em 2020 um resultado negativo em 42 milhões de euros, comparando com os 560 milhões de lucros conseguidos no ano anterior, valores que mostram os desafios impostos ao setor pela pandemia, segundo os dados revelados pela empresa.
De acordo com os valores comunicados à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), no quarto trimestre do ano o resultado líquido ajustado caiu 98% em termos homólogos para três milhões de euros. Os dados indicam ainda que a empresa reviu as perspetivas para este ano e vai propor um dividendo de 35 cêntimos por ação aos acionistas.
"O Conselho de Administração da Galp irá propor na Assembleia Geral de Acionistas em abril um dividendo por ação (DPS) de Euro0,35/ação, relativo ao exercício de 2020, a ser pago em maio. O ajuste do dividendo reflete os impactos inesperados resultantes das condições de mercado particularmente adversas", explica.
Os dados hoje revelados indicam que o resultado ajustado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) caiu no ano passado 34% em relação a 2019, fixando-se em 1.570 milhões de euros, "refletindo as condições de mercado particularmente adversas durante o período, atribuíveis à pandemia", sublinha a empresa.
"Os números evidenciam igualmente os projetos que, apesar do contexto adverso, a Galp continuou a promover para se transformar numa empresa mais sustentável, nomeadamente o investimento efetuado na aquisição dos projetos de energia solar em Espanha - que permitem que seja hoje o maior produtor ibérico de energia fotovoltaica - e a adaptação do seu aparelho refinador à transformação em curso no sistema energético global", refere a Galp, em comunicado.
O investimento líquido subiu 5% e chegou aos 830 milhões, "considerando os proveitos dos processos de unitização e incluindo o pagamento de Euro325 m relacionados com a transação do portefólio solar fotovoltaico" realizada no terceiro trimestre de 2020. Já o investimento nas atividades de upstream corresponderam a 36% do total, "sendo 23% direcionado às atividades de downstream e 39% para a área de Renováveis & Novos Negócios".
Na sequência da decisão de concentrar as atividades de refinação no complexo de Sines, descontinuando as operações de refinação em Matosinhos a partir deste ano, e de acordo "as melhores estimativas atuais", a Galp registou 35 milhões de custos de restruturação, bem como imparidades e provisões no montante de 247 milhões, "todos considerados como eventos não recorrentes", num total após impostos de 200 milhões.
"A empresa está neste momento a definir um plano de descomissionamento detalhado, assim como a avaliar alternativas de utilização para o complexo", refere a informação enviada à CMVM. A dívida líquida aumentou para 2.066 milhões, considerando 544 milhões de dividendos pagos a acionistas e a interesses minoritários durante o ano de 2020, bem como 129 milhões de outros efeitos, "maioritariamente relacionados com a desvalorização do real brasileiro e do dólar dos E.U.A.".
Os dados hoje divulgados indicam que a produção líquida (net entitlement) no ano passado - após o pagamento de impostos em espécie aos países em que produz e que revertem integralmente para os resultados da Galp - cresceu 7% em termos homólogos, para 128,2 mil barris/dia.
Em 2020, a produção média no indicador "working interest" - a produção bruta de matéria-prima, sobretudo petróleo, que inclui todos os custos decorrentes das operações - cresceu igualmente 7% face ao ano anterior, fixando-se nos 130 mil barris por dia. Na informação enviada à CMVM, a Galp recorda que, em outubro, acordou com a Allianz Capital Partners a venda de 75,01% da sua participação na Galp Gás Natural Distribuição, S.A. (GGND) com base no preço acordado de 368 milhões de euros. A conclusão da transação está prevista para o primeiro trimestre deste ano, após a qual a Galp manterá uma participação de 2,49% na GGND.