Oferta de cursos limitada afugenta alunos da Universidade da Madeira
A insularidade e a oferta limitada de cursos são “duas grandes fragilidades que tornam a Universidade da Madeira (UMa) menos competitiva em relação a outras universidades do país”. A opinião é do líder da JS-Madeira e deputado à Assembleia da República Olavo Câmara, que hoje participou no “FormAAL 2021”, uma formação organizada pela Associação Académica de Lisboa, mais concretamente no fórum “A Situação dos Estudantes Deslocados”, tal como a presidente da Associação Académica dos Açores, Daniela Faria, e o vice-presidente da Associação Académica da Universidade de Évora, Raquel Alexandre.
De acordo com o representante socialista, a primeira fragilidade da UMa tem a ver com a distância e os custos das viagens, algo que, no seu entender, pode ser ultrapassável através de “políticas e apoios no sentido de retirar estes custos a quem decide vir estudar para a Região, como o pagamento das viagens ou a aplicação das regras do subsídio de mobilidade dos residentes na Região.
A segunda fragilidade, apontada como a mais grave, é a oferta formativa, que “é reduzida ou não responde à procura de grande parte dos estudantes madeirenses e portugueses”. Olavo Câmara recordou que 70% dos alunos madeirenses que ingressam no ensino superior vão para o continente e só 30% ficam na Região, “o que é bem demonstrativo que a UMa poderia ter uma maior oferta formativa, não só nas licenciaturas, mas também nos mestrados, doutoramentos e pós-graduações”. O jovem deputado lembrou o grande número de estudantes formados em cursos não leccionados na Universidade da Madeira e que acabam por voltar à ilha, considerando que a instituição madeirense “tem de saber aproveitar esta oportunidade e criar mestrados e pós-graduações para estes alunos”.
O líder da JS foi peremptório na crítica ao facto de a Universidade da Madeira “não ter agarrado as áreas de formação ligadas directamente aos grandes sectores potenciadores da nossa ilha, como o Turismo e o Mar”. “Com o mar e a hotelaria e turismo de excelência que a Madeira tem, e pelos quais é reconhecida, hoje em dia podíamos ser líderes na formação destas áreas. A UMa podia muito bem ser uma referência, com credibilidade nacional e internacional, credibilidade essa que seria suficiente para atrair estudantes para cursar nestas áreas na nossa Região”, sustentou. Na óptica do jovem político, “perdemos uma oportunidade ou estamos 30 anos atrasados neste ponto”. Olavo Câmara lamentou o facto de “a UMa, o Ministério do Ensino Superior à altura e o próprio Governo Regional não terem tido essa capacidade, clarividência estratégica ou ambição de tornar a nossa Universidade uma das melhores do país e internacionalmente nestas áreas”.
O financiamento do ensino superior foi outro dos temas abordados por Olavo Câmara, que destacou o facto de, em 2020, se ter verificado um aumento de mais 55 milhões de euros. Sublinhou também que, de acordo com o contrato da legislatura, haverá um acréscimo de financiamento na ordem de 2% todos os anos. Destacou ainda o corte, o congelamento e o pagamento faseado das propinas, medidas para as quais diz ter contribuído na Assembleia da República.
Sobre a questão do financiamento da Universidade da Madeira, Olavo Câmara apontou a importância de ser celebrado um contrato-programa com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a exemplo do que aconteceu com a Universidade dos Açores. Lembrou, porém, que esse “contrato existiu porque houve interesse e financiamento do Governo Regional dos Açores, que fez com que a Universidade dos Açores receba mais um milhão de euros por ano”. “Na Madeira, ainda não vimos esse interesse tripartido, neste caso o interesse do Governo Regional da Madeira em colocar dinheiro na UMa”, observou.
A este respeito, descreveu que o Governo Regional dos Açores financia com 5 milhões de euros a Universidade dos Açores e que, na Madeira, o Governo Regional “coloca pouco mais de 200 mil euros”.
Por fim, o parlamentar socialista recordou que, no actual quadro comunitário, a Universidade da Madeira esteve impossibilitada de recorrer aos fundos europeus, situação que foi alterada para o próximo quadro comunitário.