Filha de escritor israelita Amos Oz acusa-o de maus-tratos em autobiografia
Galia, filha de Amos Oz, falecido em 2018, publicou hoje uma autobiografía em que denuncia "maus tratos físicos e mentais contínuo" do escritor israelita, conhecido pelo seu ativismo pela paz.
"Não foi uma perda temporária de controlo ou uma bofetada aqui ou ali, mas uma rotina de abusos sádicos", assegura Galia, no seu novo livro "Algo disfarçado de amor", publicado hoje em hebraico e que mancha a imagem do vencedor do prémio Príncipe dos Astúrias de Las Letras em 2007.
A escritora e também filha de Oz, Fania Oz-Salzberger, reagiu na sua conta do Twitter às acusações de Galia: "Nós, Nili (mãe), Fania e Daniel (irmãos) conhecíamos um pai diferente. Um pai afetuoso, bondoso e atencioso que amou a família com um amor profundo e cheio de preocupação, devoção e sacrifício", defendeu.
Fania contou que a sua irmã decidiu romper a relação familiar há sete anos e que ficaram "surpreendidos" com as afirmações que revela no livro. Na autobiografia, Galia aborda a complexa relação que manteve com o pai: "Na minha infância, o meu pai batia-me, amaldiçoava-me e humilhava-me.
A violência era criativa: retirou-me de dentro de casa e pôs-me na rua", começa, assim, a publicação. O premiado escritor morreu aos 79 anos vítima de cancro. É uma das figuras israelitas mais prestigiadas e a sua obra foi traduzida em 45 idiomas. Surgiu durante anos como candidato ao Prémio Nobel da Literatura. Ao longo dos anos publicou uma série de livros, incluindo "Judas" (2016) e "Uma história de amor e escuridão" (2002) e cerca de 500 artigos de opinião e ensaios que foram publicados tanto na imprensa local como internacional.