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Alemanha recorda vítimas de ataque racista e xenófobo ocorrido há um ano

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Foto EPA

Altos representantes políticos e líderes religiosos, entre outras figuras, recordam hoje na Alemanha as vítimas do ataque racista e xenófobo ocorrido há um ano na cidade de Hanau (centro), que provocou nove mortos e chocou o país.

A 19 de fevereiro de 2020, um atirador abriu fogo em dois cafés/bares de fumadores de cachimbo de água (shisha) na cidade de Hanau, locais que eram muito frequentados por imigrantes, nomeadamente do Médio Oriente.

O atacante seria posteriormente encontrado morto em casa, ao lado do corpo da sua mãe, uma mulher septuagenária.

Na altura, a chanceler alemã, Angela Merkel, sublinhou que as provas existentes indicavam que o atacante tinha motivações racistas e xenófobas associadas à extrema-direita.

Um ano depois, o líder da Igreja Protestante alemã, Heinrich Bedford-Strohm, apelou hoje a uma atitude de vigilância em relação a manifestações racistas evidentes, mas também em relação a um racismo oculto.

"Quase nos esquecemos novamente do que aconteceu na altura", afirmou Heinrich Bedford-Strohm numa mensagem de vídeo, acrescentando: "Mas os familiares das vítimas estão a sofrer até hoje".

Segundo as agências internacionais, o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, terá agendado um discurso numa cerimónia em Hanau, cidade a leste de Frankfurt, para expressar a sua solidariedade para com as vítimas e as respetivas famílias.

Numa atitude pouco usual na Alemanha, as famílias pediram que os nomes das vítimas - Ferhat Unvar, Hamza Kurtovic, Said Nesar Hashemi, Vili Viorel Paun, Mercedes Kierpacz, Kaloyan Velkov, Fatih Saracoglu, Sedat Guerbuez e Goekhan Gueltekin - sejam amplamente divulgados.

O advogado Mehmet Daimagueler, causídico proeminente que já representou vítimas de outros crimes racistas e xenófobos na Alemanha, disse que o ataque em Hanau deveria levar os políticos a refletir sobre os reiterados estereótipos que cometem em relação aos imigrantes, incluindo a frequente descrição dos cafés/bares de shisha como covis de crime.

"O Estado precisa de começar a combater o racismo dentro da sua própria casa", defendeu Mehmet Daimagueler, em declarações ao portal de notícias Watson, pedindo ainda que as vítimas de crimes de ódio sejam levadas mais a sério e que os responsáveis em cargos oficiais que revelem atitudes racistas sejam afastados de funções.