Pacto Educativo na Região
A Escola, em virtude da nossa organização social e laboral, é o espaço onde as crianças e os jovens passam a maior parte do seu tempo. Apesar da realidade atual, atormentada por uma perigosa pandemia, com alguns níveis de lecionação integrados num regime de ensino à distância, continuará a ser na Escola que os(as) alunos(as) terão a possibilidade de crescer de forma integral, em pé de igualdade, adquirindo os conhecimentos e os saberes, confrontando-se, relacionando-se, desenvolvendo a sua personalidade e aprofundando os seus valores.
Os(as) alunos(as) não são apenas os homens e as mulheres do amanhã, pois, já são cidadãos(ãs) de hoje, que precisam de viver o seu dia a dia, em busca da sua felicidade, não só à procura de uma formação, mas também a erguer o seu próprio percurso de aprendizagem numa escola que lhes deve garantir as mesmas oportunidades. Não basta entregar um computador ou um tablet a todos(as), dar alguma formação aos(às) docentes e depois dizer que a revolução do ensino está feita. As tecnologias e o ensino digital definem o caminho certo e um passo fundamental, todavia, por si só, não são, de forma alguma, uma panaceia.
A visão estratégica assumida e a forma como se estruturam as políticas de educação são passos determinantes em termos da envolvência, do compromisso e da mobilização dos diversos parceiros sociais, das autarquias e da própria comunidade educativa no sentido da construção de uma escola outra, desenhada para o sucesso.
A Educação é demasiado importante, no presente e no futuro das sociedades, para ser pensada, de acordo com os estados de alma do momento, dentro de uma sala de espelhos, sem portas nem janelas. Torna-se, assim, fundamental rentabilizarmos as imensas sinergias, as vontades e as múltiplas inteligências existentes na área da investigação educacional (e não só) e na atividade dos diversos setores sociais, culturais e, inclusive, políticos. Precisamos de olhar para a Escola com uma visão de abertura assente em redes de interação, onde devemos trabalhar de forma coordenada e articulada com o objetivo de construirmos um Ensino assente num novo paradigma organizacional e pedagógico, em prol da melhoria das aprendizagens, próximo das exigências do mundo de hoje e de acordo com os reais interesses e expetativas dos(as) estudantes.
Neste sentido estratégico, o Poder Local, em virtude da sua proximidade, conhecimento profundo das dinâmicas, dos hábitos, das preocupações, das necessidades e da vida real acontecida no seio das famílias, poderia assumir na Região um papel ainda mais eficaz e, talvez, determinante, se o seu excelente trabalho e investimento, nesta vertente da Educação, que já vai, há muito, para além dos ciclos de ensino designados nas suas competências, fossem mais valorizados e integrados, pelo Governo Regional, num projeto global de mudança estrutural da Educação na Madeira.
Não somos apologistas de uma política de Municipalização da Educação no território regional, defendemos sim um Pacto Educativo entre as autarquias locais e o Governo Regional, porque acreditamos que teríamos mais e melhor Escola, se a Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia estabelecesse uma plataforma de diálogo e de parcerias articuladas, com todas as autarquias, independentemente das cores políticas, no sentido de fomentar sinergias e de criar pontes para a criação de um Novo Modelo Educativo.
A Educação na Região ganharia uma outra dimensão e potencialidades únicas se, longe das lógicas político-partidárias, as autarquias locais e o Governo Regional organizassem, de acordo com as suas competências, os anos letivos em conjunto, pensassem sobre as políticas e as medidas a tomar, os investimentos a assumir e as estratégias a definir, mas sempre em cooperação ativa. Criando, assim, a oportunidade para agirem de forma coordenada e estruturada, cientes da necessária visão global do ensino, consensualizando mudanças estruturantes e gerindo os recursos educativos com coerência e fundamento.