Senador brasileiro encontrado com dinheiro entre as nádegas regressa ao mandato
O senador brasileiro Chico Rodrigues, encontrado com dinheiro escondido entre as nádegas numa operação da Polícia Federal no ano passado, informou hoje que voltou às atividades parlamentares após uma licença de 121 dias.
A informação foi partilhada pelo próprio senador na rede social Facebook, onde divulgou ainda uma carta enviada aos seus colegas do Senado, com explicações sobre o sucedido.
"Venho informar que estou reassumindo as funções do meu mandato como senador pelo estado de Roraima, após um período de enorme padecimento pessoal, familiar e político", começou por dizer o senador.
"Confesso que, num dado momento, em meio ao transtorno, fiquei mesmo em dúvida se se tratava de uma operação policial ou de ação de uma quadrilha especializada. Estava dominado pelo pânico e pelo medo. Por aquele momento de desespero, quero pedir desculpas a todos se não consegui manter o comportamento de equilíbrio mais adequado. Poderia ter tido uma reação psicológica melhor? Certamente", afirmou o parlamentar na carta.
Em outubro do ano passado, a Polícia Federal do Brasil encontrou 30 mil reais (cerca de 4.565 euros, no câmbio atual) escondidos entre as nádegas do senador Chico Rodrigues numa operação que investigava desvios de dinheiro público destinado ao combate da pandemia de covid-19.
Os agentes investigavam um alegado esquema criminoso para desviar recursos públicos através do encaminhamento de licitações na Secretaria de Saúde de Roraima, que envolveria aproximadamente 20 milhões de reais (três milhões de euros).
Na ocasião, Chico Rodrigues, um dos alvos da "Operação Desvid-19", era vice-líder do Governo do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, na câmara alta do Congresso.
O caso do senador nunca chegou a ser analisado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, que se reuniu pela última vez em setembro de 2019, e do qual Chico Rodrigues fazia parte.
"Posso ser criticado por diversos motivos, mas o que é fundamental, do ponto de vista do interesse público e da sociedade, é que não cometi nenhum ato ilícito, nenhuma ação desabonadora, nenhuma prática ilegal", frisou Rodrigues na carta enviada aos senadores.
Segundo o parlamentar, a "humilhação" que sofreu já é uma punição "severa" antes do julgamento e que tem certeza de que será declarado inocente.
Em sua defesa, Chico alega que não beneficiou de parcelas de emendas que destinou ao estado de Roraima para combate à covid-19.
"Entendo que se Deus e o destino me aproximaram da profundidade e da intensidade dessa dor, através de toda essa indescritível vergonha, é para que eu pudesse me aproximar também mais dos sofrimentos alheios, para que aumentasse minha empatia para com os que sofrem dores muito maiores, para entender os que são açoitados por injustiças ainda mais implacáveis", acrescentou Rodrigues na carta.
Na ocasião, o Supremo Tribunal Federal brasileiro chegou a determinar o seu afastamento do cargo parlamentar por 90 dias, funções que agora retoma.