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NATO não chega a decisão final sobre retirada de tropas do Afeganistão

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O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, anunciou hoje que os Aliados ainda não chegaram a uma "decisão final" sobre a retirada de tropas do Afeganistão, mas continuarão a "consultar-se" e a "coordenar-se" nas próximas semanas sobre a questão.

"Enfrentamos muitos dilemas e não há opções fáceis. Neste estado, não tomámos qualquer decisão final sobre o futuro da nossa presença mas, tendo em conta que a data de 01 de maio está a aproximar-se, iremos continuar a consultar-nos estreitamente e a coordenarmo-nos nas próximas semanas", referiu Jens Stoltenberg em conferência de imprensa após uma cimeira de dois dias com os ministros de Defesa da Aliança.

Referindo que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) "apoia fortemente" o processo de paz em curso no Afeganistão -- como demonstram a redução significativa das tropas da NATO no país --, Stoltenberg apelou a que as conversas entre o Governo afegão e os talibãs sejam "revitalizadas".

"As conversas são frágeis e o progresso é lento, por isso é imperativo revitalizar o processo de paz. Todas as partes devem aproveitar esta oportunidade histórica para chegar a uma resolução pacífica, sem mais delongas", defendeu.

Stoltenberg sublinhou assim que os Aliados "acreditam que ainda há tempo para se chegar a um acordo político", e para que se "vejam progressos" nas negociações antes do dia 01 de maio -- a data acordada entre os Estados Unidos e os talibãs para a retirada total das tropas internacionais do país --, salientando também que a NATO fará "tudo o que conseguir" para que as conversas "tenham sucesso".

"O processo de paz é a melhor oportunidade para pôr fim a anos de sofrimento e de violência e para criar uma paz durável. É importante para o povo afegão, para a segurança da região e para a nossa própria segurança", admitiu.

No entanto, frisou que a presença da NATO do Afeganistão é "baseada em condições" e apelou a que os talibãs "negociem em boa fé", reduzam o "nível elevado de violência" e deixem de colaborar com "grupos terroristas internacionais".

Reiterando que a decisão sobre uma eventual retirada das tropas do Afeganistão é uma "decisão difícil, composta por "dilemas muito fortes e muito difíceis", Stoltenberg enumerou os riscos que tanto a manutenção da missão como a sua dissolução podem acarretar.

"Se ficarmos para lá do dia 01 de maio, corremos o risco de termos mais violência, de termos mais ataques contra as nossas tropas, e corremos o risco de tornarmo-nos parte de uma presença contínua no Afeganistão que pode ser complicada. Mas, se nos retirarmos, então arriscamo-nos a que os progressos que fizemos sejam perdidos e que o Afeganistão se torne novamente num porto seguro para os terroristas", destacou.

O Afeganistão e os Estados Unidos chegaram a acordo em 29 de fevereiro de 2020 para a retirada de todas as tropas norte-americanas do país até 01 de maio deste ano, em troca de garantias, da parte dos talibãs, de que não permitiriam a utilização das suas bases para a organização de ataques terroristas internacionais.

Face ao aumento recente de violência no país, tinham surgido apelos em Washington para que a retirada das tropas aliadas do Afeganistão fosse adiada, estando Joe Biden neste momento a rever o acordo assinado em 2020.

Em resposta, os talibãs responderam, num comunicado publicado a 16 de fevereiro, referindo que "o prolongamento da ocupação e da guerra" não é do interesse de nenhuma das partes.

"A nossa mensagem, tendo em vista a reunião de ministros da NATO, é que o prolongamento da ocupação e da guerra não é nem do vosso interesse, nem do vosso povo ou do nosso", declararam os talibãs nesse comunicado.

"Quem procurar o prolongamento das guerras e da ocupação será responsabilizado, como tem acontecido nas últimas duas décadas", advertiu o grupo.

A NATO tem atualmente cerca de 9.500 soldados no Afeganistão a prestarem apoio técnico e logístico às forças de segurança afegãs, no quadro da missão 'Resolute Support', em que Portugal participa com 174 militares.

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