Portos, aeroportos e estradas em 'cuidados intensivos' com covid-19
Em alguns meses o número de passageiros foi simbólico. O ano terminou sem recuperação
Um porto quase morto no capítulo dos navios cruzeiro, um aeroporto condicionado e a sofrer com os impactos da pandemia também fora e uma rede de transportes públicos interna afectada pelo medo e pelo trabalho resumem de forma simplista o impacto nos transporte e a queda no movimento em todos os meios. Nos navios cruzeiro a perda foi de 75,7%, no aeroporto foi de - 65,2%, nos transportes terrestres, as carreiras urbanas tiveram -34,1% de utilizadores.
Começando pelo mar, com a entrada da pandemia na Madeira, os portos da Região praticamente deixaram de receber navios - houve apenas uma escala em Outubro, com 31 passageiros, e uma em Novembro, que não trouxe visitantes -, factor que foi determinante para que a Madeira fechasse 2020 com apenas 143,2 mil passageiros em trânsito nos navios de cruzeiro, o que corresponde a uma perda de 75,7% em relação a 2019.
Na linha Madeira-Porto Santo, as perdas chegaram aos 33,2%. Abril foi o pior mês. Com apenas 173 passageiros transportados entre ilhas, as perdas foram quase totais, sublinha a DREM. Em Maio e Junho a situação melhoria ligeiramente, mas ainda assim com recuos na ordem dos 78,1% e 42,1%, respectivamente. O Verão trouxe boas notícias, embora o 3.º trimestre não tenha conseguido igualar o ano anterior. A redução entre Julho e Setembro foi de -5,7%.
Quanto ao movimento de mercadorias nos portos da Região, os números são negativos, houve uma quebra de 10,4%. O ano de 2020 tinha começado com um aumento de 1,3%. A pandemia promoveu um recuo de 22% no 2.º trimestre, menos acentuado no 3.º (-12,6%) e menor ainda no 4.º (-7,3%). Abril (-42,0%) e Maio (-32,5%) foram os meses com menor movimento.
Do mar para o ar, a situação mantém-se negra. “Nos aeroportos da RAM, as medidas restritivas para contenção do COVID-19 também tiveram um impacto fortíssimo”, analisa a DREM. Caiu 65,2% o movimento de passageiros (embarcados, desembarcados e em trânsito) nos dois aeroportos da Região. Também aqui Abril e Maio foram os mais árduos, com valores simbólicos apenas. Em Abril registaram-se 371 passageiros. Em Maio 1.839.
“Estas diminuições atenuaram-se progressivamente até Outubro (-57,9%) tendo-se, por comparação, acentuado em Novembro (-77,6%) e Dezembro (-68,6%)”, revela o boletim ‘Em Foco’, hoje divulgado pela DREM com os impactos da pandemia no ano passado na Madeira.
Também a nível rodoviário o movimento caiu. As carreiras urbanas que tinham transportado 17,2 milhões de passageiros em 2019 transportaram em 2020 11,3 milhões, ou seja, perderam mais de um terço dos passageiros (-34,1%). Abril volta a ser o pior dos meses, com -83,8% de pessoas a bordo. Maio perdeu 72,3% e Junho 48,5%, quando comparado com os mesmos meses do ano anterior. As perdas foram-se atenuando, excepto em Novembro, que voltou a registar -36,2%. Dezembro fechou com -18,3% dos passageiros transportados.
Mas nem tudo foram más notícias na estrada. O número de acidentes de viação com vítimas caíram 23,4% e o tráfego nas Via Expresso e Via Litoral recuaram -18,2% face a 2019. Abril, mês no qual as restrições foram mais severas, registou uma diminuição face ao mesmo mês de 2019 de 65,3%, enquanto em Maio essa quebra foi de 38,8%.