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Google vai pagar por conteúdos jornalísticos na Austrália mas Facebook recusa

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A empresa proprietária da Google, motor de pesquisa mais usado na internet, vai pagar à comunicação social na Austrália pelo uso de conteúdos, tal como acordado recentemente em França, acordo que a rede social Facebook recusa.

A News Corp., que detém títulos como o Wall Street Journal (EUA), Sky News e The Times (Reino Unido) anunciou hoje que vai receber "pagamentos significativos" da Google, ao abrigo de um acordo de 3 anos para uso de conteúdos escritos, áudio e vídeo, que contempla também entrega de receitas publicitárias.

Numa declaração, o presidente da News Corp., Robert Thomson elogiou o Governo australiano, que "apoiou firmemente o país e o jornalismo" ao propor uma lei para partilha com a comunicação social de receitas das plataformas da internet.

Outras empresas de comunicação social também já chegaram a acordo com a Google, caso da Seven West Media, e decorrem negociações com a Nine Entertainment e a estatal Australian Broadcasting Corp. (ABC).

Estimativas do banco de investimento JPMorgan, com base num recente acordo da Google em França, indicam que Seven West Media poderá receber entre 39,5 milhões e 69,2 milhões de dólares australianos (25,4 milhões a 44,5 milhões de euros) por ano.

O acordo da Nine com a Google contempla um pagamento de mais de 30 milhões de dólares australianos (19 milhões de euros) por ano, durante cinco anos, de acordo com o jornal The Sydney Morning Herald, detido pelo mesmo grupo de comunicação social.

A Google chegou já a acordo com 450 publicações em todo o mundo para integrar conteúdo jornalístico no novo modelo News Showcase, lançado em outubro do ano passado.

O ministro das finanças australiano, Josh Frydenberg, afirmou hoje que "estão em curso negociações com todos os atores" na comunicação social, grandes e pequenos.

"Isto vai ajudar a sustentar o jornalismo de interesse público neste país por muitos anos", afirmou.

A Câmara dos Representantes australiana está ainda a debater o novo Código da Negociação para a Comunicação Social, apresentado pelo Governo, que estabelece que plataformas como a Google e Facebook têm de chegar a acordo com as empresas de comunicação social cujos conteúdos usam e, em caso de falta de acordo, recorrer a um painel arbitral.

Os acordos foram saudados por Marcus Strom, presidente da Aliança da Comunicação Social, Entretenimento e Artes, que afirmou que irá exigir "transparência" para que as receitas sejam investidas pelas empresas em trabalho jornalístico.

"As receitas destes acordos precisam de chegar às redações, não às salas dos conselhos de administração", disse Strom.

A Google e Facebook, que recebem perto de 81% das receitas publicitárias na Austrália, criticaram o código, mas têm mantido contactos com o Governo australiano, mais recentemente no passado fim-de-semana, ao nível dos seus presidentes executivos, respetivamente Sundar Pichai e Mark Zuckerberg.

A iniciativa australiana está a ser acompanhada de perto em todo o mundo, numa altura em que as receitas publicitárias estão a ser cada vez mais capturadas pelo Facebook, Google e outras grandes plataformas digitais.

Em Janeiro, a Google chegou a acordo com os grupos de media franceses para pagar direitos de autor pelos seus artigos, sendo o valor definido em função do número de publicações e tráfego dos sites.

A Facebook adotou uma postura mais intransigente e hoje anunciou que irá bloquear o acesso de utilizadores australianos a notícias na sua plataforma, impedindo-os de ver ou partilhar artigos da comunicação social australiana ou de outros países.

Os utilizadores fora da Austrália também deixarão de poder partilhar artigos da comunicação social australiana.

William Easton, diretor regional da Facebook, justificou a diferença de abordagem em relação à Google com o "relacionamento com notícias fundamentalmente diferente" de ambas as plataformas, uma vez que na rede social são as empresas de comunicação social que partilham os conteúdos, porque lhes permite aumentar acessos, receitas publicitárias e venda de assinaturas.

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