Cerca de 116 refugiados da ilha de Lesbos partiram para a Alemanha
Cerca de 116 refugiados, incluindo 30 famílias com crianças, voaram ontem para Hanover, na Alemanha, desde a ilha grega de Lesbos, onde as condições de vida dos migrantes pioraram com a vaga de frio excecional que atingiu a Grécia.
Os migrantes, maioritariamente originários do Afeganistão, Irão e Iraque, embarcaram num voo direto para Hanover.
No dia anterior, tiveram que aguentar temperaturas próximas de zero graus no campo de Karatepe, cujas tendas foram erguidas num ponto mais elevado de um terreno inundado e fustigado pelo vento, em setembro passado, para substituir o centro de receção de Moria, destruído pelas chamas.
Esta transferência "mostra que a solidariedade europeia pode e deve ser uma realidade", saudou na cerimónia o ministro das Migrações grego, Notis Mitarachi.
"A gestão da crise migratória diz respeito a toda a União Europeia. O nosso país, e em particular as cinco ilhas do mar Egeu (em frente à Turquia), carrega um peso desproporcional", acrescentou, em declarações à imprensa.
Depois do incêndio no campo de Moria, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, e a chanceler alemã, Angela Merkel, concordaram com a realocação de 1.553 refugiados de Lesbos para a Alemanha.
Até agora, devido às dificuldades provocadas pela pandemia de covid-19, apenas 449 refugiados foram realocados para a Alemanha.
Várias organizações não-governamentais (ONG) de Lesbos têm soado o alarme, considerando essas transferências como a "única solução duradoura", visto que a Grécia enfrenta uma vaga excecional de frio desde segunda-feira.
As organizações estão preocupadas com as condições que se têm vindo a deteriorar ainda mais com o frio no campo de Karatepe, onde se encontram mais de 6.000 refugiados.
Na terça-feira à noite, vários trabalhadores humanitários e cidadãos reuniram-se em solidariedade com os migrantes defronte do edifício da câmara de Mitilene para solicitar com urgência a abertura de igrejas e outros edifícios com aquecimento para receber prioritariamente crianças.
Num cartaz colocado no edifício podia ler-se: "2.000 crianças estão a congelar ao nosso lado".
Para Dimitra Kalogeropoulou, diretora na Grécia da ONG International Rescue Comitte, os "cobertores distribuídos continuam a ser insuficientes" e deve "ser feito mais do que fornecer apenas equipamentos de emergência".
"A única solução duradoura é transferir essas pessoas para acomodações seguras e aquecidas no continente grego e continuar as realocações para outros países europeus", defendeu, em comunicado.
Já o secretário de Estado grego responsável pela pasta dos asilos, Manos Lagothetis, disse que "ninguém corre perigo no campo (de migrantes) da ilha de Lesbos".