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Maduro acusa Espanha de falta de coragem para deter opositor

Foto EPA
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O Presidente venezuelano Nicolás Maduro acusou hoje Espanha de falta de coragem para deter o opositor Leopoldo Lopez, atualmente residente em Madrid, apesar de alegadas provas de delitos cometidos durante 20 anos na Venezuela.

"Aí estão as provas. São muitas. O que falta é coragem a Pedro Sánchez {presidente do Governo espanhol], no Governo de Espanha, e decisão para lutar contra o fascismo", disse.

Nicolás Maduro falava no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, durante uma conferência de imprensa em que acusou Madrid de proteger um prófugo da justiça venezuelana e acusou o ex-embaixador espanhol em Caracas, José Silva Fernández, de estar envolvido numa conspiração contra o seu Governo.

"Sobram as provas contra Leopoldo López, (mas) o Governo da Espanha faz ouvidos moucos, faz-se cego, mudo e surdo", disse Nicolás Maduro sublinhando "ter 20 anos de provas de golpismo" e acusou o opositor de ter participado no golpe de Estado de 11 de abril de 2002 e nas violentas manifestações promovidas pela oposição em 2014 e de que terão resultado 43 mortos.

"Leopoldo López sempre aparece. E, no golpe de 30 de abril (2020) (...) apareceu armado na porta de uma base militar em Caracas. Chamando, armado, a marchar ao palácio presidencial", disse.

Nicolás Maduro questionou se "para Espanha isso não é prova de que é um líder golpista protegido pelo Governo de Pedro Sánchez".

"Leopoldo López é um foragido da justiça, condenado por crimes hediondos cometidos no país e participante em todas as tentativas de golpe que ocorreram na Venezuela, nos últimos vinte anos", frisou.

Nicolás Maduro acusou ainda o político venezuelano asilado em Madri, de branquear dinheiro desde Espanha, sublinhando que os serviços de informação do Governo espanhol "têm todas as provas" disso.

"Têm (também) as provas que incriminam o (ex) embaixador (Jesus) Silva na sua fuga e em crimes como a (frustrada tentativa de) invasão da Venezuela, em 03 de maio (de 2020), a operação Gedeón", acusou.

Segundo o Presidente da Venezuela, "essa operação foi dirigida com a participação do embaixador Silva, como protetor, como correio pessoal para a impulsionar".

"São muitas as provas", frisou Maduro.

"Estão a proteger um fascista, um golpista e um criminoso que maneja milhões de dólares em paraísos fiscais e move dinheiro para lá e para cá. Vamos ver se residindo em Madrid o fisco espanhol o obriga a pagar impostos ou burlará também o sistema de impostos, como criminoso que é", disse.

Maduro questionou "de onde surgiram os milhões de dólares de Leopoldo López" e explicou que a administração de Donald Trump (ex-Presidente dos EUA) lhe entregou "1.200 milhões de dólares para o chamado 'governo interino'" que "dirigia deste a Embaixada de Espanha", dinheiro que "nunca chegou à Venezuela".

Leopoldo López, do partido opositor Vontade Popular (a que pertenceu o líder opositor Juan Guaidó) fugiu da Venezuela para Madrid, em finais de outubro de 2020, depois de deixar a residência do embaixador de Espanha em Caracas, onde estava como "convidado" desde 30 de abril de 2019, deixando depois o país "clandestinamente" através da fronteira com a Colômbia.

Em 10 de fevereiro último, pediu, num comunicado, que os EUA e a União Europeia (UE) sancionem simultaneamente os responsáveis por violações de direitos humanos na Venezuela, reiterando a necessidade do apoio internacional, tanto para enfrentar a "crise humanitária" sofrida pelos venezuelanos, como para conseguir eleições "livres" em seu país.

Político e economista, Leopoldo Eduardo López Mendoza, 49 anos, é coordenador do partido opositor venezuelano Vontade Popular.

Antes de se refugiar na embaixada, López fugiu da sua casa, onde permanecia em prisão domiciliária, e apareceu publicamente em Altamira (leste de Caracas) junto a Juan Guaidó e vários militares, apelando, sem sucesso, à população para sair às ruas a derrubar o Governo venezuelano.

Em 18 de fevereiro de 2014, Leopoldo López entregou-se às autoridades venezuelanas, depois de um tribunal de Caracas ordenar a sua prisão por alegadamente instigar à violência, por ser uma das pessoas que convocaram uma manifestação que terminou com três mortos e dezenas de feridos seis dias antes.

López foi para uma prisão militar, acusado por instigação pública, associação criminosa, danos à propriedade e incêndio, e acabou condenado em setembro de 2015 a quase 14 anos de prisão, que cumpria em domiciliária.

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