Marcelo enaltece "carreira distinta" da actriz com "rigor e elegância"
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou hoje a morte da atriz Carmen Dolores, enaltecendo "a sua carreira distinta", com "rigor e elegância" no teatro e em momentos importantes do cinema português.
A atriz Carmen Dolores morreu na segunda-feira, em Lisboa, aos 96 anos.
Numa mensagem de pesar publicada no portal da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado recorda que, "em 11 de julho de 2018, a sala principal do Teatro da Trindade, em Lisboa, passou a chamar-se Sala Carmen Dolores" e que nessa ocasião entregou à atriz as insígnias de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, "uma das muitas distinções que lhe foram conferidas".
"Esse reconhecimento, expressivo, simultâneo e constante, do público, dos pares e dos responsáveis políticos, é tão significativo quanto justo, tendo em conta o talento de Carmen Dolores, a sua carreira distinta e uma certa ideia de estar em palco e de estar no espaço público", considera o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa enaltece a carreira de Carmen Dolores no teatro, descrevendo-a como "atriz de repertório", que "interpretou, com rigor e elegância, os clássicos e os clássicos modernos" - Shakespeare, Strindberg, Pirandello, Brecht, Giraudoux, Tennessee Williams, várias vezes Tchékhov - "com uma presença que impressionou diferentes gerações".
"Foi no Teatro da Trindade que a atriz se estreou nos palcos, em 1945, numa encenação de Ribeirinho, e a despedida aconteceria em 2005, numa encenação de João Lourenço, no Teatro Aberto. Ao longo das décadas, esteve ligada ao Teatro Nacional D. Maria II e ao Teatro Nacional Popular, entre outros, contando-se depois entre os atores que fundaram, em 1961, o Teatro Moderno de Lisboa, companhia que fez jus ao seu qualificativo", refere-se nesta nota.
Nesta mensagem de pesar, assinala-se também a participação de Carmen Dolores "em momentos importantes do cinema português", em filmes como "Amor de Perdição", de António Lopes Ribeiro, em 1943, "Balada da Praia dos Cães", de José Fonseca e Costa, em 1987, e o seu "trabalho para a televisão e a rádio, incluindo o teatro radiofónico".
"Destacou-se igualmente como 'diseuse' e divulgadora de poesia, e como autora de livros de memórias, o último dos quais intitulado 'Vozes Dentro de Mim'. Vozes que se exprimiram na sua voz e dicção inconfundíveis, e que continuarão connosco e com os vindouros", acrescenta-se.
O Presidente da República apresenta "sentidas condolências" à família de Carmen Dolores.
Nascida em Lisboa, a 22 de abril de 1924, Carmen Dolores estreou-se nos palcos no Teatro da Trindade, na capital portuguesa, em 1945, integrada na Companhia Os Comediantes de Lisboa, na peça "Electra, a mensageira dos deuses", de Jean Giraudoux, encenada por Francisco Ribeiro (Ribeirinho).
Anos antes tinha iniciado um percurso rádio, como declamadora e atriz, e no cinema.
Retirou-se em 2005, com a peça "Copenhaga", no Teatro Aberto, encenada por João Lourenço.
Em julho de 2018, a atriz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, numa homenagem no Teatro da Trindade, que incluiu a estreia da peça "Carmen", inspirada nas suas memórias, e a atribuição do seu nome à sala principal deste teatro.
Carmen Dolores foi ainda distinguida com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República Jorge Sampaio, com a Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Lisboa, o prémio Sophia de Carreira da Academia Portuguesa de Cinema, e o Prémio António Quadros de Teatro, entre outros galardões.