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Federação Judaica de Espanha pede investigação a insultos de neonazis

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A Federação das Comunidades Judaicas de Espanha apelou hoje às autoridades espanholas para que investiguem os insultos contra judeus registados no sábado durante uma marcha neonazi em Madrid.

Os insultos registaram-se numa marcha anual alusiva à batalha de Krasny Bot, em que durante a 2ª Guerra Mundial um corpo expedicionário espanhol, a Divisão Azul, combateu ao lado das tropas nazis de Adolf Hitler, contra a rússia comunista.

Na marcha até ao cemitério de La Almudena, em que participaram algumas dezenas de pessoas, não se registaram incidentes, mas a concentração final pautou-se por intervenções inflamatórias, nomeadamente de uma jovem que declarou que "o judeu é o culpado" pela decadência europeia e que a Divisão Azul "lutou por isso".

"A Europa tem de ser libertada do comunismo, que é uma invenção judaica contra os trabalhadores", afirma a jovem, não-identificada, em gravações partilhadas nas redes sociais da concentração, em que foram entoados cânticos fascistas espanhóis e feita a saudação fascista acompanhada de gritos "Viva Espanha! Viva a Europa!".

Hoje, a Federação de Comunidades Judaicas de Espanha afirma serem "inadmissíveis" tais declarações "num Estado de direito e numa democracia consolidada como Espanha fiquem impunes".

A Federação apela ao Ministério Público para que investigue o ocorrido e, caso apure matéria de facto, "processe e condene os atos criminosos".

No mesmo sentido, o Governo da Comunidade de Madrid apelou ao Ministério Público para investigar se as intervenções na manifestação representaram um ataque à comunidade judaica, incorrendo no crime de ódio.

Em comunicado, o conselheiro do governo autonómico para a Justiça, Administração Interna e Vítimas, Enrique López, manifestou a "máxima condenação" em relação ao incidente.

A concentração no cemitério, que culmina com a deposição de uma coroa de flores numa lápide aos mortos da Divisão Azul, contou com a presença de um padre católico, que criticou o marxismo, doutrina que "perturba a paz da sociedade e do espírito".

Na mesma concentração, um dos organizadores tomou da palavra para criticar os partidos de centro-direita e direita, PP e VOX, "todos inimigos" dos neonazis.

Organizada desde 2007, a marcha conta com oposição de associações de moradores, devido ao seu caráter xenófobo, mas foi autorizada pelas autoridades, mesmo no atual contexto de pandemia, porque não eram esperadas mais do que 200 pessoas.

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