Rio de Janeiro vai suspender campanha de imunização por falta de vacinas
O Rio de Janeiro, uma das cidades mais afetadas pela pandemia de covid-19 no Brasil, vai suspender provisoriamente a campanha de imunização a partir de quarta-feira por falta de vacinas, anunciou o prefeito.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo presidente da câmara da cidade, Eduardo Paes.
"Recebi a notícia de que não chegaram novas doses. Teremos de interromper nossa campanha. Hoje vamos vacinar pessoas até 84 anos e na terça-feira maiores de 83 anos", disse Paes numa mensagem publicada nas redes sociais.
"Já vacinámos 244.852 pessoas e estamos prontos [para continuar a campanha de imunização], mas precisamos que a vacina chegue. Um novo lote só deve chegar do Instituto Butantan na próxima semana", acrescentou.
O Rio de Janeiro tornou-se a primeira cidade no Brasil a confirmar oficialmente a interrupção da vacinação por falta de imunizantes, algo para que alguns governos regionais e municipais vêm alertando há dias.
A suspensão da campanha de vacinação ocorre num momento em que o Brasil enfrenta uma segunda onda da pandemia de covid-19 com uma média de mortes acima de 1.050 por dia pelo sétimo dia consecutivo.
O Brasil iniciou a campanha de imunização contra a covid-19 em 18 de janeiro com 10 milhões de vacinas da farmacêutica Sinovac que foram importadas da China e outros dois milhões de doses do laboratório AstraZeneca importadas da Índia.
Com as doses disponíveis, o Brasil vacinou até o momento pouco mais de 5 milhões de pessoas, levando-se em consideração que são duas doses por pessoa, o equivalente a 2% da sua população.
Todas as doses disponíveis foram distribuídas e os municípios aguardam agora novas entregas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan, que são responsáveis pela etapa final de fabricação das vacinas importadas dos laboratórios Sinovac e AstraZeneca.
A distribuição desses medicamentos só está prevista para o final de fevereiro, portanto, não só o Rio de Janeiro, mas grande parte dos municípios do país, terão de suspender as suas campanhas de imunização enquanto aguardam a chegada de mais vacinas.
Apesar de o Ministério da Saúde garantir que já assegurou a compra de 350 milhões de vacinas e que terá imunizado toda a população brasileira até ao final de 2021, o atraso dos laboratórios na entrega dos imunizantes ameaçam o cumprimento dessa meta.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 239.245 vítimas mortais e mais de 9,8 milhões de casos confirmados de covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.400.543 mortos no mundo, resultantes de mais de 108,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.