Histórias que se repetem, hoje!
Foi nas águas hipossalinas que o nosso primeiro rei Dom Afonso Henriques, procurou alívio no ano de 1169, na Vila do Banho, hoje são Pedro do Sul, quando da sua montada partiu a perna direita na porta de Badajoz.
O súbito Inglês Sir Charles Harbord no ano de 1930 adquiriu as minas abandonadas pelo Estado Português de produção urano-radíferas em Urgeiriça, Canas de Senhorim. Apesar da perfeita normalidade da transação, o seu autor oficial superior do exército Inglês apressou-se a oferecer uma curiosa explicação. Segundo ele, o seu interesse pela isolada mina, não teria outra finalidade, para além de proporcionar a uma sua tia vítima de grave doença nas articulações dos membros inferiores que a medicina não conseguiu resolver e para tal uma vidente inglesa teria receitado a estranha colocação de pedras hipossalinas sobre as articulações afetadas.
O generoso gentleman não olhando a despesas adquiriu o filão com o comprimento de 700 m de largura 500 m de profundidade e 260 m, onde mandou edificar nas redondezas uma enorme mansão, hoje Hotel Urgeiriça com quartos suficientes para alojar a sua tia “convalescente” sobrando espaço para os engenheiros ingleses por dirigirem os trabalhos na extração mineira.
Dos mais notáveis clientes foi de todos Sir Anthony Eden 1º ministro da Inglaterra, casado com Clarisse Eden sobrinha de Winston Churchill, o vencedor da 2º guerra mundial.
Ficou memorável a presença da jornalista francesa Christine Garnier, biografa de Salazar, que redigiu a expensas do mesmo parte do texto do livro sobre a sua vida e obra. Consta também que um hóspede de longa duração Coronel Smith, que chegou ao hotel em 1940, onde faleceu em 1980, cumprimentava todas as pessoas ao longo da sua estadia distribuindo muitos rebuçados pelas crianças.
Sá Carneiro foi das muitas figuras nacionais e internacionais o último dos clientes míticos a marcar presença neste precioso lugar.
Mais uma vez, Portugal não soube descobrir a sua riqueza e entregou-a de mão beijada a um estrangeiro com visão de futuro.
Hoje há histórias que, infelizmente se repetem.
PS: Será que os 403,7 hectares da Serra de Argemela vão ser entregues a um “mercador-vidente” por um (mão-cheia) qualquer?
Ricardo J. Franco de Sousa